São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Lula promete manter programa espacial

ABNOR GONDIN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALCÂNTARA

Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, disse ontem no Maranhão, ao visitar o Centro de Lançamento de Foguetes de Alcântara, disse que, se eleito, apoiará o Programa Espacial Brasileiro.
"O Brasil tem que adquirir essa tecnologia de lançamento de foguetes e satélites para ficar menos dependente dos países desenvolvidos", afirmou.
O discurso do virtual candidato petista à Presidência agrada aos militares. O Centro de Alcântara é dirigido pela Aeronáutica.
Segundo o comandante do centro, coronel Celso Lauande, o Programa Espacial tem fins puramente pacíficos.
Lula manteve seu apoio ao programa, apesar de críticas feitas por petistas contra o Ministério da Aeronáutica, porque teria cometido erros no remanejamento de moradores em razão de obras do centro.
Em Alcântara, o candidato visitou o prefeito Airton Viégas que foi expulso do seu partido há três semanas. Viégas foi comunicado anteontem de sua expulsão do PT.
O prefeito foi expulso sob a acusação de nepotismo (empregar parentes). Ele era o único dirigente municipal petista no Maranhão.
Viégas disse a Lula ter sido vítima dos radicais do partido. O candidato evitou comentar a crise no PT de Alcântara.
Ao discursar na agrovila do Marudá, Lula disse: "Estamos de parabéns em Alcântara porque conseguimos vencer em 89 nos dois turnos da disputa presidencial e elegemos o prefeito pelo PT."
O prefeito disse ter afirmado a Lula que continua apoiando a sua candidatura à Presidência.
"Estou brigado com o P do PT, não com o T porque sempre fui trabalhador e estou sendo vítima dos radicais do partido", afirmou.
Viégas afirmou à Folha que empregou dois filhos, Ricardo, 29, e Juscelino, 32, e a mulher, Maria José, 56, em cargo de confiança de sua administração.
"Não seria justo que depois que tudo o que eles fizeram na minha campanha eu os abandonasse agora na prefeitura. Causaria até a desagregação com a família", disse.
Outro motivo apontado pelo diretório para sua expulsão foi a falta de transparência da administração.
"Nossos balancetes eram fixados na porta da prefeitura. Mais transparência que isso, só chá de vidro", disse.
Ribeirão Preto
Em Ribeirão Preto (interior de São Paulo), a Câmara Municipal aprovou ontem um requerimento de repúdio contra suposto descaso demonstrado por Lula em sua rápida visita a cidade, na quinta-feira passada.
O candidato permaneceu em Ribeirão por dez minutos, depois de visitar Franca e São Joaquim da Barra. Ele foi vaiado por um grupo de manifestantes, que protestavam contra o PT e a administração petista na cidade, do prefeito Antônio Palocci Filho.
O requerimento, de autoria do vereador Fernando Chiarelli (PPR), foi aprovado por unanimidade pelos 18 vereadores presentes à sessão de anteontem, durante votação simbólica.
Joana Leal Garcia, única vereadora do PT na Câmara, não votou contra o requerimento. Segundo ela, o requerimento apenas protesta contra a rápida visita de Lula e não tem nada contra o candidato.

Colaborou a Folha Nordeste

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