São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994 |
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Preso acusado de explorar criança no Sul
WILLIAM FRANÇA
Buda, agente aposentado da Polícia Civil de Porto Alegre, foi preso por falso testemunho. Ele havia comparecido como convidado à CPI. Mas tentou negar todas as acusações contra ele –como movimentação bancária– e acabou caindo em contradição. Contra Buda pesam acusações de ser o responsável pela atual exploração de mais de 50 meninas. Elas são enganadas com promessas de empregos. Ele é apontado como controlador de 12 gigolôs, dois hotéis e três casas noturnas. A CPI constatou que ele tem movimentações bancárias de até US$ 600 mil. Buda disse que vive apenas com seu salário. Confrontado com os extratos bancários de suas contas, disse desconhecer as origens dos depósitos milionários. Durante o depoimento, Buda negou possuir os hotéis ou as casas noturnas. Ele chegou a declarar que nunca tinha ouvido falar de prostituição infantil. Diante das várias contradições, o deputado Moroni Torgan (PSDB-CE) sugeriu que fosse decretada sua prisão por falso testemunho. A presidente da CPI, deputada Marilu Guimarães (PFL-MS), consultou o plenário, que decidiu, por unanimidade, pela detenção. A CPI se valeu da lei 1.579/52, que regulamenta as CPIs. No artigo 4º está prevista a detenção por falso testemunho. Também foi associado a súmula 397 do Supremo Tribunal Federal que dá poder de polícia à Câmara e ao Senado e permite a prisão em flagrante em caso de crime. Buda foi levado pela segurança da Câmara para interrogatório. Depois, encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) para exames e para a carceragem da CPE (Coordenação de Polícia Especializada). Por falso testemunho (art. 342 do Código Penal) ele pode pegar de um a três anos de reclusão. Por ter cometido um crime em área federal, será um juiz federal quem cuidará de seu caso. Ele também é apontado com o mandante da morte de José Carlos Braga Paz, o "cabelo de porco", também explorador de menores. A polícia gaúcha já abriu sete inquéritos contra ele. Buda é acusado de favorecimento à prostituição, com a manutenção de casas de prostituição e de prática de rufianismo (viver às custas de prostitutas). Texto Anterior: Perueiro da Escola Base depõe e nega abuso Próximo Texto: Comissão estuda implantação de jogo do bicho controlado pela CEF Índice |
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