São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Credor de 4% faz mistério sobre acordo

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O empresário Kenneth Dart, que detém 4% (US$ 1,4 bilhão) da dívida externa brasileira, continua fazendo mistério sobre como vai agir em relação ao fechamento do acordo com os bancos credores marcado para amanhã em Nova York.
Dart não concorda com os termos do acordo da dívida acertado com os credores. Pelo acordo, o país reduz o juro e aumenta o prazo para o pagamento de cerca de US$ 52,9 bilhões aos bancos.
O governo brasileiro teme que Dart mova uma ação judicial impedindo a troca dos atuais títulos da dívida brasileira por outros com juro menor e prazo maior.
Melissa Krantz, porta-voz das empresas Dart, disse ontem à Folha que "possivelmente" nenhuma ação para impedir o acordo será tomada nos próximos dias.
Martin London, advogado dos Dart responsável pelos assuntos relacionados à dívida brasileira, afirmou que não estava autorizado a "fazer qualquer comentário".
Richard Howe, porta-voz do Comitê Assessor de Bancos Credores, afirmou desconhecer qualquer ação dos Dart ontem.
Advogados
Howe disse que o fechamento do acordo, que consiste na troca dos títulos da dívida antigos por bônus novos, deverá se realizar no escritório de advocacia Arnold & Porter, que o Brasil contrata para negociar a dívida externa.
O presidente do Banco Central, Pedro Malan, e o secretário de gabinete do Ministério da Fazenda, Sergio Amaral, devem estar em Nova York amanhã.
O Brasil tem uma dívida externa de US$ 134 bilhões. Os US$ 52,9 bilhões negociados agora referem-se a dívidas diretas com os credores internacionais (US$ 35 bilhões), com bancos brasileiros no exterior (US$ 6,9 bi), dinheiro novo emprestado em 1988
(US$ 4 bilhões) e juros atrasados entre 91 e 94 (US$ 7 bilhões).
Dart comprou parte da dívida no mercado secundário (através de títulos da dívida) e o governo brasileiro teme uma ação que possa inviabilizar o acordo com os bancos.

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