São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acesso às informações descomplica investimentos

ANTONIO COUTO CARDOSO

Os tropeços da economia brasileira nos últimos anos fez surgir inúmeros comentaristas econômicos. Páginas e mais páginas foram abertas para tratar do tema e orientar os leitores sobre os mais diferentes segmentos da economia. O sistema financeiro mereceu um destaque especial neste cenário e hoje as informações sobre os rendimentos de seus produtos estão abertas para todo o público. Esta "democratização" da informação derrubou o mito de que certas aplicações estavam livres somentes para as "elites", ou seja, aos grandes e bem-informados investidores.
Com as informações correndo soltas pelos canais de comunicação, os investidores ganharam uma certa "independência" e contam, de uns tempos para cá, com argumentos concretos para questionar, defender e buscar o melhor caminho para a sua aplicação.
O banco tem por dever de ofício funcionar sempre como um parceiro fiel de negócios, mas o investidor deve, também, se questionar se lhe está sendo indicado o melhor produto do momento. Caso contrário, deve saber a razão e, a partir disso, buscar um caminho mais rentável para o seu dinheiro. Em outras palavras, o investidor, independente do porte, deve aprender a negociar e fazer valer o seu direito: conseguir sempre a melhor taxa de retorno.
Afinal, o sistema financeiro brasileiro se modernizou e conta com uma forte e bem treinada equipe de profissionais para servir ao investidor que, sem nenhum tipo de cerimônia, deve utilizar toda esta estrutura –na qual foram investidos milhares de dólares– para seu próprio benefício.
Manter esta relação bem azeitada e crível é função essencial dos bancos, principalmente neste momento complicado do quadro econômico nacional, ainda repleto de dúvidas e com os índices de inflação persistindo em patamares indesejáveis. É nesta hora que o verdadeiro parceiro deve surgir e colocar toda a sua estrutura, profissional e tecnológica, a disposição do investidor na perseguição das melhores taxas e operações.
A "democratização" das informações e a relação profissional deve ser preservada, pois o resultado da soma destes dois fatores deixou um saldo extremamente positivo para o setor financeiro. Com a chegada de novos investidores –pequenos, médios– aos diferentes produtos oferecidos pelo mercado, a indústria brasileira de fundos de investimentos girou um volume de recursos próximo dos US$ 25 bilhões, ou 5% do Produto Interno Bruto (PIB), em 1993. E há mais espaços para esta indústria crescer, principalmente se for tomado como paralelo o mercado norte-americano. Lá, em 1980, os fundos dispunham de US$ 200 bilhões de recursos aplicados. Para o ano que passou, a expectativa era de que esse número atingisse a incrível marca de US$ 2 trilhões.
No Brasil, para este ano que se inicia, a expectativa dos administradores são de que a indústria de fundos continuará sua escalada ascendente, independente das possíveis turbulências do mercado como um todo. Sendo assim, os bancos devem estar preparados para atender de forma séria e profissional aos seus clientes que, a cada novo dia são bombardeados de informações pela média e chegam às mesas dos gerentes municiados de valiosas informações de onde e como proteger melhor o seu dinheiro.
O perfil do investidor brasileiro está mudando e vai mudar ainda mais, para melhor, com o acesso sempre fácil e eficiente às informações. E os bancos devem estar atentos e procurar oferecer sempre o melhor e mais rentável produto. Assim, os dois elos desta corrente estarão satisfeitos e o crescimento do setor continuará em ritmo acelerado.

Texto Anterior: As perdas reais
Próximo Texto: Nível de emprego cresce 1,73 % em março
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.