São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Soldados belgas são atacados em Ruanda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pára-quedistas belgas foram atacados ontem quando retiravam cerca de 40 estrangeiros de Kigali, capital de Ruanda. Houve tiroteio. Nenhum dos soldados ficou ferido.
Os rebeldes tutsis da Frente Patriótica de Ruanda, que combatem o Exército hutu, já romperam as defesas na zona sul da cidade.
A guerra recomeçou por causa do atentado que matou os presidentes de Ruanda, Juvenal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira, no último dia 6.
Desde então, cerca de 8.000 pessoas já morreram, segundo a Cruz Vermelha. Os combates em Kigali são generalizados e há diversos relatos de massacres.
Os combates opõem as etnias hutu, representada pelo Exército, e os rebeldes tutsis da FPR. Os hutus são cerca de 90% dos 7,3 milhões de ruandeses. Os tutsis, 9%.
Os dois presidentes eram da etnia hutu. A guarda presidencial, leal a Habyarimana, culpou a FPR pelos mísseis disparados contra o avião no qual os presidentes viajavam.
O líder dos tutsis da FPR, Alexis Kanyarangwe, é um hutu. "Mas esta não é uma guerra étnica. É uma guerra contra a ditadura", disse Kanyarengwe, 57.
Vinda do vizinho Uganda, a guerrilha invadiu Ruanda em 1990. A guerra durou até agosto passado, quando um cessar-fogo entrou em vigor.
Dois soldados franceses das tropas de paz e a mulher de um deles foram mortos em Ruanda, disse o Ministério da Defesa da França.
O Itamaraty informou que a Bélgica se dispôs a retirar os 34 brasileiros –principalmente missionários– que há em diversas regiões do país.
A embaixada brasileira no Zaire, que também serve para Ruanda, disse que os brasileiros não manifestaram intenção de deixar o país, segundo o Itamaraty.
A Bélgica afirmou que os estrangeiros retirados ontem –12 eram americanos e 15 poloneses– são os últimos a deixar Kigali.
Milhares de ruandeses também fogem dos combates generalizados. Uma jornalista disse ter visto uma fila de 13 km de refugiados.
Os vizinhos Burundi, Tanzânia, Uganda e Zaire são os principais refúgios para os ruandeses.
O secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, afirmou ontem estudar a retirada dos 2.500 soldados das forças da ONU.
Ele pressionou o Conselho de Segurança a adotar medidas "urgentemente" para evitar que o conflito atinja o vizinho Burundi.
Também dividido entre hutus e tutsis, o país teve mais de 10.000 mortos desde outubro passado, por causa do assasinato do presidente hutu Melchior Ndadamye.
Nos últimos dias, não houve combates no Burundi.
Colaborou a Sucursal de Brasília

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