São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 1994
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Cidade não gosta dos VIPs que a invadem

MARCELO CALLIARI
DO ENVIADO ESPECIAL AO COLORADO (EUA)

Não é de hoje que Aspen atrai celebridades. Lana Turner e Cary Grant há décadas já ficavam bêbados no bar do Hotel Jerome, o mais antigo e tradicional da cidade. Mas este ano a estação recebeu mais do que a sua cota habitual de artistas de cinema e famosos em geral com a abertura do restaurante Planet Hollywood.
Filial local de uma crescente rede que tem entre seus proprietários Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis, a casa abriu no início de janeiro com uma grande festa à gula. Compareceram nomes como Demi Moore, Jean-Claude van Damme, Don Johnson, Melanie Griffith, Steven Segall e muitos mais.
Convites para a festa podiam ser comprados a US$ 250, mas quem foi esperando ver Rambo e cia saiu decepcionado, já que todos os famosos ficaram fechados no segundo andar, enquanto mortais comuns circulavam apenas pelo primeiro e terceiro andares.
Além destes, uma lista enorme incluindo Michael Jordan (que, segundo a ferina língua local, é um mau esquiador), Michelle Pfeiffer, George Harrison e Christy Turlington também passaram por Aspen nesta temporada. O problema é que a cidade não sabe se gosta dessa gente.
Figurinhas carimbadas com Jack Nicholson e Martina Navratilova, por exemplo, são respeitados. Esquiam bem e não fazem barulho. Mais ainda, vêm a Aspen há muito tempo. Nicholson tem casa lá há cerca de 20 anos e tem ainda uma segunda casa só para seus hóspedes. Martina fixou residência na cidade, e faz ações como doar seu equipamento pesoal de ginástica para o time de futebol americano da escola local, que nunca tinha visto máquinas como aquelas.
Já Stallone conseguiu inimizade eterna dos orgulhosos 6.000 habitantes locais ao declarar que só vem para Aspen porque ela é igual a Hollywood. Corre pela cidade que nenhum "aspenite" frequenta o Planet Hollywood e a esperança, mal disfarçada, é que o restaurante não aguente as vacas magras até a próxima temporada de esqui sem consumidores locais.
Mas que ninguém espere trombar com celebridades pelas ruas. O normal, aliás, é não ver nenhuma. E nem é preciso. Com restaurantes sofisticados servindo desde truta até alce (há um ao qual só se chega de trenó ou esqui), um comércio fino e variado (com liquidações ao final da temporada), discotecas, bares e, é claro, muito esqui, Aspen dispensa temperos adicionais. (Marcel Calliari)

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