São Paulo, sábado, 16 de abril de 1994 |
Próximo Texto |
Índice
Presos mantêm reféns em cubículo
HELCIO ZOLINI
Oito pessoas estavam trancadas por 25 horas em um local de apenas quatro metros quadrados, sem água, luz e comida. A rebelião começou às 16h de quinta-feira. Os presos exigiam um carro-forte para fugir e ameaçavam matar os reféns (quatro mulheres e um homem, funcionários do presídio) caso não fossem atendidos. Para agravar a situação na penitenciária, cerca de 300, dos 680 presos, iniciaram uma greve de fome. Os presos temiam que as visitas fossem suspensas a partir de hoje. Os amotinados, Welington Moreira da Silva, 39, conhecido como Leitão, Ricardo Froes, 29, que liderou a última rebelião ocorrida em Contagem há menos de um mês, e Valmir Lucas Gomes, 44, estavam armados com chuchos (facas artesanais) e cordas. Eles teriam afirmado à PM que possuem outras armas. Cerca de 600 policiais militares com cavalos, cães e helicópteros cercaram ontem o presídio, que tem capacidade par abrigar 700 detentos. O tenente-coronel Walter Lucas não descartava a possibilidade de a PM invadir o local onde estavam os amotinados. Segundo ele, a polícia não iria ceder a exigências. O superintendente de Organização Penitenciária do Estado, José Soares Fraga, disse que cabia ao governador Hélio Garcia (PTB) a decisão final. "Não sabemos o que acontecerá caso eles não cedam. Ou a polícia invade ou entregamos o carro para eles fugirem. Mas preferimos acreditar no bom senso dos presos", disse Fraga. No meio da tarde de ontem, os presos e os reféns passaram a reclamar de fome e sede. A advogada e defensora pública Flávia Pires dos Santos, uma das reféns, intermediava as negociações. Ela e a telefonista Deusdalma Aparecida Santos, a contadora Marlene Fortes, a enfermeira Andréa Osiliere e o operador de rádio Otacílio dos Santos estavam sob a ameaça de morte e reclamaram também de cansaço. "A nossa tática é vencê-los pelo cansaço. O Froes e o Leitão estão feridos desde a última rebelião. Eles não irão aguentar muito", disse o coronel. "Eu converso com o Ricardo e ele me trata bem, com carinho. Já o Froes, eu não conheço. É um monstro, que estou conhecendo agora. Ele não vai ceder e não sei do que é capaz", afirmou a telefonista Aparecida. O superintendente de Organização Penitenciária negou que os presos circulassem livremente fora dos pavilhões. Alguns agentes carcerários afirmaram que muitos dos detentos, inclusive Froes e Leitão, saíam quando queriam. Próximo Texto: Líder organizou rebelião em 88 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |