São Paulo, domingo, 17 de abril de 1994
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Mercado movimenta US$ 4 bi por ano nos EUA

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O "lobby" pró-venda de vitaminas e suplementos alimentares é forte no Congresso americano, o suficiente para ter bloqueado legislação para moralizar o mercado.
Existe uma proposta de lei tentando impor normas mais rígidas, mas nada garante sua aprovação. Trata-se de um mercado de US$ 4 bilhões por ano –70 milhões de americanos costumam comprar suplementos alimentares.
O resultado dessa desregulamentação nos EUA é que companhias farmacêuticas sérias têm de conviver com outras que alardeiam curas impossíveis. Ecos desse debate chegam ao Brasil na forma de suplementos alimentares vendidos em lojas de importados.
É o tipo de alegação impossível de fazer em relação a um remédio nos EUA. Já no mundo dos "suplementos", que dispensam a fase de testes de medicamento, alegações impossíveis são rotineiras.
Um exemplo: uma empresa chamada "Life Extension Foundation" vende vitamina E como capaz de prevenir coágulos e diminuir o risco de doenças do coração.
Ela alega que suas cápsulas de vitamina A mais caroteno reforçam o imune (sistema de defesa contra doenças). É tudo exagero, segundo o FDA (Administração de Alimentos e Fármacos), órgão que fiscaliza remédios nos EUA.
A alegação de melhora do sistema imune é comum entre os suplementos, e nociva, pois seu alvo são as vítimas de Aids, doença incurável que afeta o sistema imune.
Mesmo empresas reconhecidas fazem intensa propaganda de seus produtos. A empresa farmacêutica Hoffmann-La Roche edita uma "Antioxidant Vitamins Newsletter" para fazer propaganda de estudos que apóiem o papel de seus produtos na proteção da saúde.
Há médicos que consideram que esse tipo de atividade fica em uma zona cinzenta da ética de pesquisa. A empresa farmacêutica colabora financiando pesquisas, publicando resultados e patrocinando conferências internacionais sobre o tema de seu interesse.(RBN)

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