São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Ausência de Romário não deve preocupar

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Mais uma vez, estrategicamente, Romário se machuca às vésperas de um amistoso da seleção. Digo estrategicamente e não coincidentemente, embora sem elementos suficientes, porque há tempos me assalta a suspeita de que Romário vai tentar preservar intacta a magia de seu reencontro com a seleção no jogo das eliminatórias contra o Uruguai.
Não lastimo, porém, nem sua ausência, nem possivelmente as de Bebeto e Mauro Silva, para o amistoso contra o Paris Saint-Germain. Isso porque esse jogo, que nenhuma validade teria, poderá, nestas circunstâncias, permitir a Parreira observar melhor a reação de César Sampaio e de Viola e Edmundo, no ataque.
César Sampaio, que cumpre uma temporada exemplar no Palmeiras, inexplicavelmente, na Copa América, provocou contrariedades no treinador brasileiro.
Até hoje, não sei o porquê, embora Parreira e Zagalo reclamassem que o jogador se projetava demais ao ataque, ainda que não me lembre de nenhuma grande falha de marcação de César Sampaio nas partidas de que participou no torneio.
Quanto ao ataque, Edmundo, naquela competição, não convenceu nem aos treinadores nem a mim. Trata-se de um craque, sem dúvida. Personalista em excesso, talvez, mas que falhou exatamente por não mostrar seu individualismo.
Por fim, Viola, talvez o mais completo centroavante do nosso futebol, capaz de aliar aos seus pés garra, irreverência, habilidade e combatividade, que merece uma chance definitiva na seleção. Fosse eu o Parreira e escalaria para esse jogo o ataque com os dois: Edmundo e Viola, pois os dois disputam a quarta vaga da frente. Serviria, ao menos, para testar o espírito de solidariedade de ambos. Aquele que não desse a bola ao outro estaria fora.
Com um detalhe: antes, avisaria a a dupla dessa decisão.

Sir Lancellotti teme que o Milan venha ser um paradigma para nosso futebol, pois o amigo lhe confere o odioso vezo do utilitarismo. Uma máquina de obter resultados, sem fantasia nem coreografia.
Mas é bom lembrar que o tri era a única meta inalcançada até então pelo Milan, que já experimentou todas as demais glórias, inclusive a de campeão do mundo. Além do mais, perdeu seus três reis magos nesta temporada: os holandeses Rijkaard, Gullit e Van Basten. Não lhe restava outra alternativa.

O tropeço corintiano, no sábado, permitiu a perigosa aproximação de seus mais ferozes rivais, Palmeiras e São Paulo. O Palmeiras, com dois jogos a mais que seus competidores, está lá em cima, depois de vencer o América por 1 a 0, gol de cabeça de Cléber, o que, por si só, já é um resumo do que foi o jogo de ontem no Parque Antarctica, enquanto que o São Paulo, goleando a Lusa, no Morumbi, ficou nos calcanhares dos dois.
Claro que tricolores e palestrinos irão se desgastar na Libertadores, embora estejam preparando um golpe para levar seus jogos após a Copa do Mundo. Mas o diabo é que o Corinthians, quando tudo indicava que embalaria de vez, está refugando, num momento em que o Campeonato Paulista passou a ser um delicado jogo de erros. Quem falhar daqui pra frente, pode dançar. E o Corinthians passou a falhar além da conta. Pode dançar.

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