São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 1994 |
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Guia abre rotas seculares em Ouro Preto
ALCINO LEITE NETO
Na viagem pelo território da história e da cultura de Ouro Preto, livros são parte fundamental do roteiro Para o turista, é como se houvesse uma só Ouro Preto. Mentira. A unidade alcançada é obra do tempo. E um pouco da cegueira. Enquanto o visitante atravessa as ruas, as épocas se desdobram. A aparência firmada na segunda metade do século 18 predomina, mas outros estilos preparam misturas imprevistas. Os mais desavisados chegam a fotografar o "art nouveau" como raridade. Portanto, é aconselhável estar municiado de um bom livro-guia, porque a viagem ali é pelo território da história e da cultura. Há dois acompanhantes seguros: o "Guia de Ouro Preto", do poeta Manuel Bandeira (Ediouro), e o "Passeio a Ouro Preto", da escritora Lúcia Machado de Almeida (Itatiaia/USP). O guia de Bandeira é mais completo. Com o livrinho na mão, é tempo de se certificar dos horários em que estão abertos os monumentos, para não dar de cara com a porta fechada depois de subir a ladeira mais íngreme de sua vida. O plano de visita vai depender do tempo de passeio que o visitante dispõe. Um mês em Ouro Preto, e ainda haverá coisas a descobrir. As 11 igrejas e as oito capelas dominam o cenário da visitação. Mas ao redor de cada uma, há sempre um chafariz que merece uma espiada, a casa de algum inconfidente ou de sua musa, uma rua cheia de histórias, uma ponte. Entre os monumentos religiosos, o turista não pode dispensar pelo menos três: a Igreja de São Francisco de Assis, a Igreja de Nossa do Carmo e a Igreja de Nossa Senhora do Pilar. Todas, grandes momentos do barroco mineiro. A São Francisco de Assis (aberta todos os dias, das 8h20 às 11h45 e das 13h30 às 16h45), foi terminada em 1794 e é considerada a obra-prima de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738- 1814), que fez o projeto da igreja e os adornos em torno da porta. Manoel da Costa Athayde fez o teto magnífico e as demais pinturas. A Nossa Senhora do Carmo (das 8h às 11h e das 13h às 17h, fechada nas manhãs de quarta) foi concluída em 1772 e para a sua construção foram convocados os maiores artistas e arquitetos da época, inclusive o Aleijadinho. Na Nossa Senhora do Pilar (das 12h às 17h), o excesso de dourado nas talhas ofusca o olhar e transforma a igreja numa verdadeira "orgia do barroco", nas palavras de Lúcia Machado, ambiente muito pouco adequado ao recolhimento espiritual. Cada igreja e cada capela exige um bom tempo de contemplação e pesquisa do turista. As principais dispõem de guias para narrar suas histórias e lendas. É sempre útil recorrer a eles. O roteiro histórico obrigatório não deve atrapalhar a "flanêrie", o passeio à-toa pela cidade, através do qual o visitante vai descobrir a sua própria Ouro Preto detrás das paredes seculares. Texto Anterior: Cidade ganha seu 1º elevador Próximo Texto: Edifícios do poder colonial são museus do período de opulência Índice |
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