São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 1994
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Pesquisa avalia qualidade na indústria de autopeças

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pesquisa vai avaliar, no segundo semestre deste ano, a qualidade dos produtos e o nível de produtividade da indústria brasileira de autopeças.
Durante seis meses, um grupo de indúsatrias – grandes e pequenas – será acompanhado por analistas da Andersen Consulting.
Em visistas às fábricas e através de questionários, a eempresa de consultoria vai coletar informações sobre a produção e gerenciamento de 12 industrias do setor de autopeças.
Serão avaliados itens como produção e faturamento por empregado, velocidade na introdução de novos produtos, volume de estoques e defeitos nos produtos.
O estudo será restrito a empresas fabricantes de escapamentos, freios, material elétrico e assentos.
Isso é necessário para que os resultados possam ser comparados a pesquisa semelhante que está sendo feita, desde fevereiro, na Alemanha, França, México, EUA e Itália.
"Essas informações são fundamentais para comparar o desempenho das nossas empresas com seus competidores em nível internacional", diz José Roberto Schettino Mattos, diretor da Andersen Consulting e responsável pelo levantamento.
As indústrias que vão participar do estudo ainda não foram definidas, informa Schettino.
Em 92 e 93, durante um período de oito meses, a Andersen Consulting de Londres e a Cardiff Business School avaliaram o desempenho de nove indústrias de autopeças do Japão e nove da Inglaterra.
Como deve ocorrer com a avaliação que será feita no Brasil, somente participaram da pesquisa fabricantes de escapamentos, freios, materiail elétrico e assentos.
O resultado final mostrou que apenas cinco – todas japonesas – podiam ser consideradas empresas "world class", ou seja, indústrias de nível internacional, com alto grau de produtividade e qualidade de produtos.
"Três empresas britânicas e duas japonesas revelaram alta produtividade, mas baixa qualidade final, com elevado número de produtos com defeitos", diz.
Outras duas empresas (uma inglesa e outra japonesa) demonstraram alta qualidade, mas produtividade baixa. Cinco das nove empresas britânicas tiveram o pior desempenho.
As empresas inglesas demonstraram baixa qualidade de produtos e baixa produtividade.
As empresas consideradas no estudo como "world class" são, em média, duas vezes mais produtivas que as demais e registram nível de qualidade cem vezes menor do que as demais.
Os dados foram coletados com a condição de não-divulgação dos nomes das empresas pesquisadas. O trabalho vai servir como base para a avaliação do setor no Brasil.
Para Schettino, apenas 10% a 20% das empresas brasileiras conseguiram se enquadrar dentro do grupo das indústrias eficientes.
"No nosso estudo talvez não encontremos nenhuma, o que não seria surpresa. A Inglaterra, por exemplo, não conseguiu colocar nenhuma de suas nove empresas das pesquisas entre as melhores".

Mais fusões
O Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de componentes para Veículos Automotores) estima que existam 2.000 indústrias fabricantes de autopeças no país.
Desse total, 600 empresas estão associadas ao sindicato. Elas representam 90% do mercado e empregam 235 mil pessoas. O setor faturou US$ 12,5 bilhões em 93, 25% a mais do que em 92.
As exportações atingiram no ano passado US$ 2,7 bilhões. EUA, Argentina e México são os principais clientes do setor, que emprega 235 mil pessoas.
Apesar da capacidade de inovação do empresário brasileiro, Schettino diz que não vai existir espeaço para todo mundo no futuro.
"Há uma tendência das montadoras em reduzir o número de seus fornecedores. Vamos ver um grande número de fusões e aquisições",. afirma Schettino.
Este ano a Andersen deve faturar o dobro do ano passado na prestação de consultoria para empresas do setor de autopeças.
Schettino não revela os números, mas diz que a procura cresceu muito nos últimos dois anos, devida à concorrência com os importadows e às pressões das montadoras, que exigem produtos de maior qualidade.
"Temos feito trabalhos nessa área há mais de dez anos, desde a época em que só empresas do porte da Cofap e Metal leve se preocupavam com isso", diz.
Mas nunca a demanda por consultoria pelas empresas de autopeças foi tão grande como agora", afirma.
Ele diz que as grandes empresas são comperitivas e já exportam para vários países.
"Mas o grosso das empresas de autopeças, que são pequenas e médias, ainda têm muito a fazer", diz Shettino.

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