São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994
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Evento discute política científica para o país

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com certo atraso, os cientistas brasileiros tentam decidir os caminhos a seguir na década de 90.
Começa na próxima segunda-feira em São Paulo um seminário de "avaliação e propostas para o desenvolvimento científico e tecnológico para o Brasil".
O objetivo é o debate em torno de três diferentes estudos sobre o estado de saúde da ciência e tecnologia (C&T) no país.
"É preciso parar com a sangria de recursos, a evasão de cérebros, incentivar a aproximação com empresas e rever os grandes projetos", resume o coordenador de um dos estudos, o cientistas político Simon Schwartzman, da USP e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Os estudos foram feitos por grupos independentes de pesquisadoras, mas o encontro interessa principalmente ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
O ministro da área, Israel Vargas, deverá abrir o encontro às 09h00 da segunda-feira, no prédio da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo.
O secretário de planejamento do MCT, Hélio Barros, deverá encerrar o encontro no dia 4, quarta-feira, apresentando um "documento síntese" da política do setor.
Parte do motivo por trás do seminario é o interesse de entidades internacionais que financiam pesquisas – como o Banco Mundial – de saberem que política de C&T o país pretende seguir.
Os recursos do exterior deveriam ter sido aportes "adicionais" de verbas, mas na prática permitiram que alguns setores de pesquisa sobrevivessem à crise, diz Schwartzman.
A pesquisa no país teve um grande avanço no governo de Ernesto Geisel, mas com a crise do petróleo o modelo "fez água", diz o pesquisador.
"A década de 80 foi de grande indefinição" diz outro participante, José Roberto Ferro, da FGV, que participou do estudo coordenado por Luciano Coutinho, da Unicamp, sobre política industrial.
O desenvolvimento tecnológico do país esteve em parte atrelado a grandes projetos de capacitação "autonôma", protegidos da competição externa.
Essas áreas – como informática, energia nuclear e telecomunicações - agora estão em crise. Decidir o que fazer com elas faz parte da pauta do seminário.

"Seminário Internacional de Avaliação e propostas para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico para o Brasil", de 2 a 4 de maio, na Fundação Getúlio Vargas, Av. 9 de Julho, 2.020, São Paulo. Informações pelo telefone (011) 251-5166

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