São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994
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Futuro governo terá dificuldades, diz Flores

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, almirante Mário Cesar Flores, disse ontem no Rio que o próximo presidente da República, qualquer que seja, terá enorme dificuldade para governar e provavelmente será mais um "réu do insucesso".
Sem a revisão constitucional, comentou o ministro durante o 6º Fórum Nacional, no Rio, o governo federal é inviável. Não tem dinheiro, não tem poder -"manietado pelo Congresso e pelo Judiciário"- mas todos continuam reclamando ações do governo federal.
O próximo presidente logo verá que precisa mudar essa estrutura institucional para governar. Mas como quase certamente não terá maioria no Congresso -por causa da estrutura política- o país de novo cairá no impasse.
João Paulo dos Reis Velloso, coordenador do fórum, também acha que, não havendo revisão agora, o próximo presidente vai tentar fazê-la para poder governar.
O tema da ingovernabilidade dominou os debates de ontem no fórum. Para o sociólogo Luciano Martins, existe uma falta de decisão por causa de dois fatores: o empate entre as forças políticas e a incapacidade do Estado de agir.
Como se sai disso? De dois jeitos, responde o sociólogo: pela paciente administração da crise, que é a via democrática, ou pela ruptura das instituições.
Comentando os debates, Flores concordou que há possibilidade de ruptura. Disse que desde 1982, ano em que foram eleitos os governadores que faziam oposição ao regime militar, o país vive "em armistício, não em rendição incondicional ou em paz duradoura".
Ou seja, como sociólogos e cientistas políticos, Flores acha que o regime político pós-militar não se consolidou. E o atual precisa de uma revisão constitucional.

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