São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994
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"Il Cavallo"

SÍLVIO LANCELLOTTI

Com o retorno brilhante de Nicola Berti aos gramados, a Itália começou a salvar o seu time para a Copa. Berti representa a peça básica do meio-campo da equipe.
Não se trata de um craque de habilidade transcendente ou de talento sobrenatural. Com onze atletas ao seu estilo, todavia, até a Namíbia teria chances de brigar com dignidade no Mundial.
Berti, 27 anos, foi revelado pela Fiorentina, na temporada de 1985/86. Em 88, Azeglio Vicini o convocou pela primeira vez. Desde então, Berti disputou 23 partidas com a camisa da "Azzurra": ganhou 14, empatou seis, anotou três gols. Reserva na estréia da Itália na Copa de 90, virou titular na segunda peleja, diante dos EUA –e só deixou o time machucado, nas oitavas-de-final. Então, Vicini cometeu a tolice de mantê-lo no banco no jogo contra a Argentina, na semifinal. Sem Berti, o meio-campo da Bota não acordou.
Berti me sugere uma mistura de Toninho Cerezo e Paulo Isidoro. Sem lampejos. Com muito mais vigor, porém. A imprensa peninsular costuma chamar Berti, apropriadamente, de "Il Cavallo". Não teme as divididas, corre o risco de colocar a testa no pé do adversário, chuta com as duas, cabeceia insidiosamente nos escanteios. Pena que, tão destemido, ele se exponha em demasia –sofreu uma terrível contusão no começo desta temporada, participou de apenas seis das 33 pelejas de seu clube atual, a Inter de Milão. Aliás, com Berti em campo, a Inter despontava como a favorita ao "scudetto". Sem ele, se desmilinguiu, andou até perambulando no limiar da zona de rebaixamento.
De novo no elenco faz três semanas, Berti ressuscitou a Inter. Fez o tento crucial da vitória sobre a Áustria Salzburgo na pugna de ida da decisão da Copa da Uefa. E foi Incluído pelo técnico da Itália entre os 31 pré-selecionados para o Mundial. Detalhe: Sacchi, um teimoso, já havia descartado Berti. Foi humilde e sábio, no entanto, de esquecer antigos atritos com o jogador e convocá-lo.
Considero Sacchi mais teimoso do que Parreira. A volta de Berti à "Azzurra" me acende algumas esperanças de modificações no time do Brasil e de um meio-campo sem as limitações de Dunga e Mauro Silva, quem sabe César Sampaio e Mazinho.

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