São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 1994
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Budismo critica castas e poder sacerdotal

MARCO CHIARETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O príncipe Gautama (ou Gotama), que se tornaria Sidharta, e depois o Buda, nasceu em Kapilavastu, no ano de 563 a.C. Não há certeza quanto ao ano. A região natal do príncipe fica no nordeste da Índia atual, quase na fronteira com o atual Nepal.
Os dados biográficos sobre ele foram recolhidos em um texto antigo, o "Tipitaka" (Tríplice Cânon), escrito em pali, idioma popular indiano da época, que o Buda preferia ao sacerdotal sânscrito.
A dinastia à qual Gautama pertencia chamava-se Sakias. Seu pai era o rei Sudodana. No texto clásico, a mãe de Buda, Mahamaya, sonhou com um elefante branco na noite anterior a seu nascimento (e não antes da concepção, como no filme).
Os brâmanes, os sacerdotes do hinduísmo, consultados, disseram que o filho da rainha seria ou um grande rei, ou um iluminado. O filho nesceu já capaz de falar e realizado milagres. A mãe morreu pouco depois do parto.
O rei, impressionado com as profecias, manteve o filho em uma vida de prazeres. O dia decisivo da vida do príncipe teria acontecido quando ele tinha 29 anos.
Gautama descobriu os males do mundo: a velhice, a dor e a morte. Deixou o palácio de seu pai e foi viver em uma floresta, com um grupo de cinco ascetas. Esta decisão é chamada de "a Grande Renúncia".
Depois de seis anos de privações, relatadas pelo próprio Buda, veio a "Grande Iluminação". O demônio das paixões, Mara, veio tentá-lo. Gautama venceu. Sua transformação em Buda, o Iluminado (ou Acordado) aconteceu no mês de maio de 528 a.C.
Para ele, os homens, superados pelas paixões e cercados pela escuridão, não podem ver a Verdade (ou darma), "que é contra a corrente" (daí a imagem da tigela subindo a correnteza do rio).
Buda passou o resto de sua vida transmitindo sua verdade, marcada pela tentativa de superar todas as paixões, e pela crítica à sociedade de castas.
Pelos preceitos religiosos dominantes em sua época, a sociedade se dividia em grupos, ou castas, cujos membros não podiam passar a outra casta.
Os princípios budistas punham em crise esta divisão. Junto com isso, ajudavam politicamente os príncipes, cujo poder tinha um limite no poder da casta sacerdotal.
O criador do budismo teria morrido em 483 a.C. Seus ensinamentos espalharam-se pelo subcontinente indiano.
Um cisma, ocorrido cerca de 140 anos depois da morte do mestre, dividiu o budismo em duas correntes: a Teravada, mais antiga e mais presa aos preceitos originais, e a Mahayana, que se espalhou pela Ásia Central, Japão, Tibet (onde chegou no 7º século da era cristã) e China.

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