São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Acarajé engasga tucano

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – As lideranças do PSDB disseminavam ontem a informação de que o deputado Luís Eduardo Magalhães não estaria mais disposto a aceitar o lugar de vice na chapa presidencial. Não está fácil a situação de Fernando Henrique Cardoso.
Desde que anunciaram aliança com o PFL, os tucanos sentiram abalos em sua imagem –especialmente porque, com a indicação de Luís Eduardo para vice, o símbolo que sobressaiu foi o ex-governador Antônio Carlos Magalhães.
Gostem ou não, a imagem já está riscada. Acostumados a ostentar a ética como princípio fundamental, os tucanos foram cercados com a desconfiança de que a luta pelo poder jogou-os no oportunismo.
Elogiado até por seus adversários, entre eles do PT, devido ao comportamento correto no Congresso, Luís Eduardo cultiva a esperança de ganhar a presidência da Câmara, montado numa imagem positiva. E a verdade é que, dentro do PSDB, alguns setores decidiram fritá-lo pelos bastidores. Acabou como alvo de pancadas.
Estrategicamente começaram a brotar informações sobre sua sociedade com um dos donos da empreiteita OAS na TV Bahia, retransmissora da TV Globo. Ou sobre sua aposentadoria aos 32 anos de idade, depois de exercer oito anos de mandato como deputado estadual.
Natural que seu pai, Antônio Carlos Magalhães, não esteja feliz. Primeiro, sondam seu filho para ser vice e, depois, deixam-no como alvo. E, aí, cria-se a possibilidade de o PSDB aliar-se com o PFL, mas sem o empenho de ACM, principal liderança do partido.
Até agora, os tucanos estão levando todos os prejuízos da aliança com o PFL. E sem nenhuma vantagem. Em essência, o PSDB gostaria de ter um caso com a amante autorizado pela esposa. Ou seja, quer manter o PFL escondido e, assim, não incomodar seus eleitores tradicionais.
O problema é que o partido está correndo o risco de perder os prazeres clandestinos da amante e o conforto do lar.
PS – Em contato com esta coluna, Ricardo Fiuza acusou o relatório de Hélio Bicudo, propondo sua cassação, de ser uma peça eleitoral inspirada pelo PT. Mas Bicudo, também em contato com esta coluna, classificou absolvição de uma "vergonha", resultado de um "acordo clandestino" do PFL com o PMDB. Por esse acordo, depois de Fiuza, Ibsen Pinheiro seria o próximo felizardo.

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