São Paulo, quarta-feira, 4 de maio de 1994
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O poeta Mário Quintana é internado em estado grave

Saúde do escritor se agrava com insuficiência respiratória

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA EM PORTO ALEGRE

O estado de saúde do poeta Mário Quintana, 87, internado desde sexta-feira no hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), se agravou ontem.
Quintana foi hospitalizado por causa de uma infecção intestinal, mas depois sofreu uma pneumonia e teve insuficiência respiratória.
O médico que trata dele, Airton Galarça da Silva, disse ontem que a situação era "séria", mas acreditava na melhora do paciente, cuja pressão arterial oscilava, subindo e descendo.
"Estamos esperançosos porque ele tem vontade de viver", disse Helena Quintana, sobrinha do poeta, que estava ao seu lado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do hospital.
Os médicos colocaram respirador artificial e tubo de oxigênio em Quintana. Acordado, ele pediu, através de bilhetes, água e café, o que não lhe era permitido.
Às 15h de ontem, o hospital divulgou um boletim afirmando que o estado do paciente "inspirava cuidados". Outro boletim estava previsto para as 21h.
O poeta foi fumante inveterado dos 14 aos 82 anos. Desde que largou o tabagismo, ele disse que só fumou um cigarro, por "raiva", quando Fernando Collor de Mello se elegeu presidente.
Conforme Helena, o desejo de Quintana é chegar aos 94 anos para presenciar a entrada do século que vem. "Tomaríamos um porre", disse ela, que cuida do poeta há anos.
Solteiro, Quintana sempre morou em hotéis. Há anos, por causa da saúde debilitada, ele não sai do seu refúgio, um apartamento no Porto Alegre Residence Hotel.
O poeta, nascido em Alegrete (RS), concorreu duas vezes à Academia Brasileira de Letras, mas não conseguiu se tornar um "imortal".
Quintana traduziu vários clássicos de literatura mundial e trabalhou durante anos no jornal "Correio do Povo", de Porto Alegre. O jornal, em suas edições dominicais, publica trechos "Do Caderno H", de Quintana.
No último domingo, por exemplo, saiu o seguinte, sobre a preguiça: "A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda".

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