São Paulo, quarta-feira, 4 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dimitrova se prepara para cantar no Brasil

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A cantora lírica búlgara Ghena Dimitrova lotou o Metropolitan Opera House de Nova York nas quatro apresentações que fez durante o mês de abril na cidade. Na segunda semana de junho, Dimitrova se apresentará no Brasil, com apoio da Folha.
Dimitrova é considerada a maior soprano dramática da atualidade pela crítica internacional. O encenador e cineasta italiano Franco Zeffirelli a definiu como a "voz do século".
A cantora já se apresentou em todos os grandes festivais do mundo ao lado de nomes como Luciano Pavarotti, Placido Domingo e Kiri Te Kanawa.
Viaja muito há 23 anos. Na América Latina, já fez três apresentações no Brasil, em 1975, 78 e 79, e uma longa temporada em Buenos Aires.
Dimitrova detém um vasto repertório de óperas de grande popularidade, como "Tosca" e "Turandot", de Puccini, "Macbeth" e "Aida", de Verdi, e "La Gioconda", de Ponchinelli, entre outras.
Em Nova York, Dimitrova está apresentando a ópera "Aida". No Brasil, cantará árias populares acompanhada pela Orquestra de Concertos da Companhia Brasileira de Ópera e fará interpretações de canções italianas e russas acompanhada pelo pianista búlgaro Christo Stanischeff.
Dimitrova recebeu a Folha para uma entrevista no seu camarim antes de uma de suas apresentações no Metropolitan. Leia a seguir trechos da entrevista:

Folha - A sra. já cantou em quase todas as principais casas de ópera do mundo. Tem várias programações para este ano. A sra. não se cansa de viajar tanto?
Ghena Dimitrova - Viajo muito há mais de 23 anos por todos os lugares do mundo. Vivo em todos os lugares.
Tenho casas na Bulgária, Itália, Montecarlo e Viena, mas nunca consigo ficar em lugar nenhum. Estou muito cansada disso, principalmente agora.
Desde que meu marido morreu há dois anos em um acidente de carro na Bulgária tenho viajado muito mais. Sem parar, por todos os lugares. Me sinto muito só.
Folha - A sra. acha que a ópera clássica terá grandes cantores no futuro?
Ghena - Atualmente temos muito mais escolas de ópera que no passado. Mas também temos muito menos cantores.
A Europa tem cerca de 400 festivais no verão e em vários deles aparecem muitos cantores de ópera. A maioria nunca é boa.
Os jovens de hoje não têm paciência e o canto é uma profissão muito lenta. Também ganha-se muito pouco no início. Acho que não teremos bons cantores no futuro.
Folha - O que a sra. acha de Pavarotti?
Ghena - É um grande cantor, mas não deve ter uma vida normal com toda a publicidade que está a sua volta. É preciso ser um super-homem para levar a vida que ele tem.
Folha - Há uma diferença entre o público latino-americano, europeu e americano?
Ghena - Não. Em todos os lugares sempre encontro um público caloroso, que ama a ópera. Não sinto muita diferença.
Folha - A sra. conhece óperas brasileiras? Já ouviu falar em Carlos Gomes?
Ghena - Conheço alguma coisa, mas nunca cantei. Conheço bem "O Guarani", mas a vida toda só cantei mais as óperas italianas.

Texto Anterior: Bomba! A vida não é um eterno rarará!
Próximo Texto: Morre aos 53 cenógrafo de `O Último Imperador'; Afrescos romanos voltam à cidade após 150 anos; Gene Kelly, 81, sofre mal-estar e é internado; 60 Personalidades são analisadas em livro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.