São Paulo, quarta-feira, 4 de maio de 1994
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Premiê provincial era contrário às reformas

DA "REUTER", NA CIDADE DO CABO

O político africâner de linha-dura que conseguiu guardar um pedaço da África do Sul para os brancos havia resistido à reforma do apartheid e qualificado o CNA de partido da violência.
Agora ele afirma que quer ser julgado por suas ações futuras. Hernus Kriel, atual ministro da Lei e da Ordem, conquistou o cargo de premiê provincial do Cabo Ocidental após uma disputa eleitoral pelos votos dos eleitores mestiços.
Ele foi o único candidato bem-sucedido do Partido Nacional. Desta maneira, a região onde seus antepassados colonizadores holandeses primeiro pisaram na África do Sul, em 1652, torna-se a última a continuar sob domínio branco.
Ele também vai governar subúrbios negros carentes, como o de Crossroads, que foram linhas de frente da guerra contra o apartheid.
Seus adversários o acusam de ter vínculos com uma obscura Terceira Força no interior das forças de segurança, contrária a transição.
Eles também dizem que o PN fez uma campanha eleitoral racista. Kriel frequentemente descreveu o CNA como organização violenta, interessada em conquistar votos através de um fuzil AK-47.
Agora, após sua vitória, ele só está fazendo declarações politicamente corretas. "A partir de hoje nós nos comprometemos com uma política de reconciliação."
Kriel nasceu em Kakamas, Cabo Setentrional, em 1941. Ele se graduou em direito pela Universidade Stellenbosch, principal formadora do pensamento africâner. Antes de se lançar na política, trabalhou como advogado e dirigiu uma empresa de diamantes.
Kriel viveu uma ascensão rápida depois de ingressar no Parlamento provincial, restrito aos brancos, em 1977. Ele foi vice-ministro no governo do presidente P.W. Botha e procurou diluir reformas como o fim da segregação das praias.
Quando o presidente F.W. de Klerk começou a desmantelar o apartheid, em 90, Kriel protestou.

Tradução de Clara Allain

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