São Paulo, quinta-feira, 5 de maio de 1994
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Paulistano pára 101 km no cortejo

DA REPORTAGEM LOCAL

O cortejo fúnebre que levou o corpo do piloto Ayrton Senna do aeroporto de Cumbica até a Assembléia Legislativa, local do velório, foi acompanhado por paulistanos em todo o trajeto, de 31 km.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o congestionamento total em São Paulo chegou ontem a 101,8 km de extensão, englobando as duas pistas das vias incluídas no trajeto e as ruas de acesso.
Em dias normais, a cidade registra 50 km de congestionamento, de acordo com a CET. No resto da cidade, o trânsito foi considerado normal pela companhia.
O cortejo levando o corpo de Senna deixou o aeroporto às 7h. Fisionomias tristes, bandeiras do Brasil, cartazes com fotos do piloto e faixas saudando o ídolo morto foram as imagens mais comuns nos 30 km do trajeto.
Muitas pessoas se abraçavam ou choravam à passagem do cortejo, formado por três caminhões do Corpo de Bombeiros –um deles com o corpo de Senna– e dezenas de carros da Polícia Militar e de autoridades, além de batedores em motocicletas.
Já na Rodovia dos Trabalhadores –principal via de acesso ao aeroporto, a partir da cidade de São Paulo–, os dois lados da pista estavam ocupados por fãs de Senna.
Quando o cortejo chegou à marginal do Tietê, muitos carros, motocicletas e até bicicletas já se haviam integrado ao cortejo, fazendo com que, em alguns pontos, a velocidade dos veículos fosse reduzida.
A partir da passagem pela avenida Tiradentes, era possível ver as pessoas nas janelas dos edifícios largando o serviço para assistir ao cortejo.
O momento de maior emoção aconteceu na rua Prestes Maia, no vale do Anhangabaú, onde muitas faixas colocadas em viadutos lembravam Senna e chuvas de papel picado caíam dos prédios.
Os aplausos também foram intensos, não só para a passagem do caixão como para todos os veículos que o seguiam.
Quando o cortejo passou pelo túnel do Anhangabaú, os motociclistas que seguiam logo atrás dos batedores da polícia começaram a cantar: "Olê, olê, olê, olê, Senna, Senna".
O canto se estendeu por vários quilômetros, quase sempre acompanhado pelas pessoas que assistiam ao cortejo das calçadas e prédios.
O cortejo chegou à entrada da Assembléia Legislativa às 9h25. Milhares de pessoas já se encontravam no local para velar o corpo de Senna.
Dez minutos depois, o caixão foi levado para dentro do prédio, carregado por cadetes da Aeronáutica.

Texto Anterior: 7h28 - na Hélio Smidt, altura da Base Aérea de Cumbica, sentido aeroporto-São Paulo, fãs improvisam no solo um coração com restos de grama cortada; no meio do coração, um garoto vestido com macacão de piloto agita uma bandeirola; os fãs ainda fazem uma corrente humana em também forma de coração, em torno daquele desenhado com grama;
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