São Paulo, sexta-feira, 6 de maio de 1994 |
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Prost anuncia que desistiu de correr
EMANUEL NERI; MÁRIO MOREIRA
Para Prost, as medidas de segurança adotadas pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) após a morte de Senna são "insuficientes" e a Fórmula 1 "continua perigosa". "São por esses motivos e outros mais que eu não volto a correr na Fórmula 1 de jeito nenhum", afirmou. "Em memória do que aconteceu com o Senna eu não volto a correr." Prost demonstrava muita tristeza com a morte de Senna. No sábado, véspera do acidente com o piloto brasileiro, os dois haviam feito as pazes. Prost contou detalhes do fim da inimizade entre os dois. Segundo Prost, o brasileiro mandou um recado para ele por um repórter de uma TV francesa. "Diga ao meu amigo Alain que sinto falta dele nas pistas", disse Senna, segundo o piloto francês. Após o recado, Senna e Prost se encontraram. O piloto brasileiro estava triste e muito preocupado com a morte do piloto austríaco Rolland Ratzenberger, ocorrida naquele dia. O piloto francês não poupou elogios a Senna. "Era um cara muito difícil de se vencer na F-1. E estava cada vez melhor", afirmou. Sem Senna, segundo Prost, a Fórmula 1 "jamais voltará a ser a mesma". "As pessoas gostavam de ver o Senna dirigindo. Acredito que eu era até mais técnico. Mas Senna era diferente. Nunca vi ninguém tão determinado na Fórmula 1", declarou. Segundo Prost, talvez o fato de ser solteiro e não ter filhos levava Senna a ser mais arrojado do que ele. "Por ser casado e ter filhos, eu sempre pensei muito nos riscos", afirmou. "Mas nos últimos anos, o Senna também estava muito preocupado com os riscos das corridas", disse Prost. Para ele, o acidente envolvendo Senna foi provocado por falha mecânica e não humana. Prost disse que a morte de Senna servirá para conscientizar todas as pessoas envolvidas com a Fórmula 1 para aumentar a segurança dos carros e dos circuitos. Disse não ser impossível coordenar movimento com esse objetivo. Mas Prost acredita que o movimento por maior segurança na Fórmula 1 deve ser coordenado por um piloto que esteja na ativa. Prost enumerou as medidas para melhorar a segurança das corridas. Segundo ele, a primeira medida é a diminuição da pressão aerodinâmica sobre os carros. A segunda medida é a redução da potência dos carros. Prost sugere ainda a criação de um comitê –formado por pilotos, projetistas e outros técnicos– para fazer modificações nos circuitos e dotá-los de maior segurança. O piloto francês também se queixou da falta de democracia nas regras e regulamentos da Fórmula 1. "Precisamos de mais democracia. Os pilotos precisam ser mais ouvidos", disse. "As regras têm culpa pelo que está ocorrendo. Mas, mais que as regras, é a filosofia da F-1 que também precisa ser mudada." Texto Anterior: 10h20 - o enorme painel eletrônico, normalmente utilizado para publicidade comercial, no alto de um edifício no encontro das avenidas Brasil e Rebouças, e rua Henrique Schaumann, prepara a chegada do cortejo com frases sobre o tricampeão mundial da F-1; é grande a concentração de pessoas no local, ponto mais agitado e nervoso dos 17,7 km do percurso do cortejo, entre o Palácio 9 de Julho e o Cemitério do Morumbi; Próximo Texto: 'Na F-1, essência do esporte já terminou' Índice |
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