São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994
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Piloto vinga Prost e chega ao bi

DA REPORTAGEM LOCAL

GP de San Marino, 23 de abril de 1989. Foi quando começou uma das maiores rivalidades que a F-1 já assistiu dentro e fora das pistas: Ayrton Senna x Alain Prost.
O brasileiro liderava a prova nas três primeiras voltas quando um acidente interrompe o Grande Prêmio.
Gerhard Berger passou reto na curva Tamburello, a mesma que matou Senna, e espatifara contra o muro de proteção sua Ferrari, que se incendiou. Para a sorte do austríaco, nada muito grave, já que retornaria às pistas duas provas depois.
Nova largada. Prost sai na frente e, na primeira curva do circuito, sofre uma ultrapassagem vergonhosamente fácil de Senna.
Algumas voltas depois Prost perde o controle e roda bem em frente às tribunas.
Humilhado, Prost lança seu primeiro morteiro. Diz que o companheiro quebrou um antigo acordo entre os dois.
O trato estabeleceria que quem saísse na dianteira durante a largada não sofreria ameaça de ultrapassagem na primeira curva. O objetivo era evitar acidentes em passagens mais arriscadas ou afoitas.
O mal-estar dentro da equipe durante a temporada ía evoluir até a chegada do GP do Japão, sete meses mais tarde.
Em Suzuka, somente a vitória deixaria Senna na disputa pelo título. O brasileiro sai na pole mas Prost toma logo a frente. Senna procura desesperadamente qualquer brecha para ultrapassar o companheiro. Era tudo ou nada.
Faltando seis voltas para o final, o francês abre a trajetória para realizar uma curva quando Senna tenta cortar por dentro, onde quase não existia espaço.
Irritado pela manobra arrojada e irresponsável, Prost fecha a entrada. As duas McLaren se engalfinham e vão para fora da pista.
Prost deixa o carro. Senna pede desesperadamente para que os fiscais o empurrem de volta para a pista, o que era permitido devido à posição perigosa.
Ele volta, tira os 16 segundos de vantagem de Alessandro Nannini e, para o deliro da torcida japonesa, ultrapassa a Benneton do italiano a duas voltas do final, na mesma curva do acidente. Até que recebe a bandeira preta. Está desclassificado.
O motivo era ter voltado à pista à frente do ponto de onde saiu, como estabelecia o artigo 56 do regulamento da F-1.
Prost leva o título de 1989, torna-se tricampeão e vai para a Ferrari.
A vingança de Senna retorna 12 meses depois, no mesmo circuito, na mesma chicane, nas mesmas condições.
A 21 de outubro de 1990, Suzuka assiste ao mesmo capítulo da novela mas com papéis trocados: Senna levava vantagem nos pontos e para Prost só interessava a vitória.
Prost abre para fazer a curva, Senna tenta a ultrapassagem onde não existia espaço. Os dois vão para fora da pista e da corrida.
Senna é bicampeão de F-1, como Prost.

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