São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994
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Manual ensina como ser uma mãe judia

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Trinta anos depois de lançado nos EUA, chega ao Brasil um livro que já se tornou um clássico do humor judaico: "O Manual da Mãe Judia".
Escrito pelo publicitário norte-americano Dan Greenburg, o livro nasceu da constatação de que as mães dos seus amigos judeus eram muito parecidas com a sua própria.
A medida que o livro era consumido (já vendeu mais de 2 milhões de exemplares), Greenburg observava que as mães judias também eram parecidas com as mães coreanas, com as mães australianas etc.
Daí ter concluído, no prefácio à edição comemorativa dos 30 anos: "Para ser mãe judia, a pessoa não precisa ser judia e muito menos mãe –uma garçonete irlandesa ou um barbeiro italiano também podem ser mães judias."
Personagem de dezenas de anedotas (veja algumas no texto ao lado), a mãe judia é famosa pelo zelo excessivo que dedica aos filhos.
"Somos completamente loucas. Carinhosas demais", diz Eva Elkis, mãe de três filhos na faixa dos 30 anos. "Mas não acho que é demais o que faço pelos meus filhos. O filho sempre precisa da mãe."
O fotógrafo Renato Elkis, 33, explica o que é ser filho de uma mãe judia: "Quando eu tiver 40 anos, ela ainda vai estar falando para eu levar agasalho quando eu sair ou para me alimentar direito".
Eva não nega este zelo e até revela um segredo familiar: "O Renato sempre me diz: `Sorte que eu não virei para o outro lado' (ser homossexual). Porque, até na faculdade, eu sempre acordei ele dando um beijinho no pé".
Renato ensina como conviver com uma mãe judia: "Quando você vai comer na casa dela, você tem de falar `chega' três colheres antes da quantidade que você quer comer."
O manual de Greenburg traz uma coleção de dicas como esta (veja quadro ao lado), mas escritas do ponto de vista da mãe.
O capítulo "Sete sacrifícios básicos a fazer por seu filho", começa com a seguinte dica: "Passe a noite em claro, preparando um café da manhã especial para ele".
Outra sacrifício: "Disponha-se a tolerar a garota com quem ele está saindo."
Este é, aliás, um dos pontos mais delicados da relação da mãe judia com o filho.
Diz Greenburg: "Vamos falar com franqueza: hoje em dia, as chances de seu filho se casar com uma pessoa da mesma religião são mais ou menos as mesmas de você ganhar sozinha o prêmio acumulado da Loto."
Continua o autor: "Você e eu sabemos: o único motivo que leva seu filho a se casar com uma pessoa de outra religião é deixar você furiosa".
"Todo dia é Dia das Mães para a mãe judia", diz o fotógrafo Renato Elkis. "Não entendo por que falam tanto da mãe judia", diz sua mãe, Eva. (Mauricio Stycer)

Livro: "O Manual da Mãe Judia", de Dan Greenburg
Lançamento: Editora 34
Preço: 10,50 URVs
Páginas: 80
Tiragem: 3.000 exemplares

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