São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994 |
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Qualquer semelhança é mera coincidência
DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO" Cuidado com a formação de estoques. Embora divulgue-se o temor da equipe econômica em repetir o Plano Cruzado após a implantação do real, com uma hipotética expansão de consumo, são pouquíssimas as chances de reaquecimento do nível de atividade.Acompanhe o raciocínio do departamento econômico da "Agência Dinheiro Vivo". 1) O Cruzado foi embalado por uma recuperação econômica estimulada pela concessão de abono real de 8% para os salários. Hoje, o ciclo de expansão que se iniciou em 1992 mostra sinais de esgotamento e o desemprego atinge patamar bem superior ao da época do milagre de Funaro. Todos os indicadores –vendas do comércio, atividade industrial, exportações e renda– entraram em fase de aceleração, confirmando a tendência registrada pelos "DV Leadings" de abril, que apontavam queda progressiva do nível de atividade até o mês de agosto. 2) Acresça-se a isto o fato de que, após a recessão do Plano Collor, as empresas terem passado por um processo de reestruturação que não permite uma rápida retomada das contratações de mão-de-obra. 3) Existe ainda uma outra diferença fundamental entre os planos Cruzado e o atual. No primeiro, o congelamento deu-se sem avisos, portanto, sem a chamada "aceleração preventiva". No atual, espera-se outro repique de preços após a morte anunciada do cruzeiro real, que, se não for absorvido pelos índices, poderá acabar de engolir o ganho obtido com a urvização dos salários. 4) Aos fatores puramente conjunturais somam-se outros que podem prolongar ainda mais o período recessivo. Sabe-se que a equipe econômica, mais especificamente os técnicos do Banco Central, estão trabalhando em cima de um plano de política monetária formulado ainda à época de Paulo Haddad. Este plano prevê limitações quantitativas a todos os agregados monetários da economia e um consequente contingenciamento de crédito. Qualquer medida que venha a ser adotada do plano original será perneta, pois tinham-se como requisitos prévios um ajuste fiscal consistente e uma privatização acelerada que não ocorrerá mais. De qualquer forma, o que vier terá o seu componente recessivo. 5) Se a política monetária não cumprir o seu papel, a equipe econômica pode se preparar para sobressaltos futuros. Embora o quadro seja recessivo a curto prazo, a médio prazo, se o processo de estabilização produzir resultados positivos, a reorganização do processo produtivo e dos preços voltam a induzir a demanda –até porque torna-se possível a organização do orçamento doméstico. Nesta fase, o governo pode preocupar-se, efetivamente, com problemas de desabastecimento. Texto Anterior: O fim do IPMF Próximo Texto: Conter URV não resolve Índice |
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