São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994 |
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Medo do fracasso caracteriza Mundial
JOHAN CRUYFF
Quero que este primeiro artigo sirva para iniciar o contato com os leitores da Folha de S.Paulo e para que comecem a conhecer qual é a minha concepção do futebol. Naturalmente, o mais importante agora é que nos concentremos no Mundial que será disputado nos EUA e, para tanto, examinaremos, antes que comece o campeonato, as seleções que, segundo minha opinião, podem ditar a pauta. Escreverei sobre as seleções favoritas, sobre aquelas equipes que podem surpreender, sobre os jogadores que devem triunfar e, por que não, sobre o ambiente do Mundial. Estive muito perto de aceitar a proposta da federação holandesa para dirigir a equipe nacional do meu país. Por fim, não houve acordo e a verdade é que é difícil me acostumar a essa idéia, porque sempre terei a dúvida quanto ao que teria ocorrido na Copa, ao confrontar minha concepção do futebol, totalmente ofensiva e apostando no espetáculo, ao que certamente oferecerá a maioria das seleções. Não sei por que a maioria dos técnicos continua apostando em um jogo que se baseia na destruição, na especulação e na defesa, porque, na verdade, as seleções que chegam a um Mundial têm o material humano necessário para fazer exatamente o contrário. Pessoalmente, acho que é por medo; medo de ser eliminado e, naturalmente, medo do fracasso. Aquele técnico e aquela seleção que correrem mais riscos que as demais, lutarão pelo título mesmo que seu potencial, inicialmente, não seja tão grande quanto o de outras seleções de prestígio. Por isso, ninguém estranhe se a Colômbia, a Nigéria ou a Noruega, por exemplo, forem mais longe do que muitos esperam. Mas analisaremos tudo isso detalhadamente antes e durante o Mundial. Texto Anterior: Camisa 14 consagrou o jogador holandês Próximo Texto: Telê também escreverá textos Índice |
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