São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 1994 |
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Para petista, Estado brasileiro `não presta'
FERNANDO CANZIAN
O petista foi vago ao referir-se às privatizações e disse que seu partido está aberto aos investimentos estrangeiros. Lula afirmou o Estado brasileiro atual "não presta e precisa ser fortalecido". O candidato do PT respondeu a 30 perguntas acompanhado pelo deputado Aloizio Mercandante (SP), seu assessor econômico. Leia a seguir suas respostas. DÍVIDA EXTERNA Lula considera absolutamente desproporcionais as garantias (de US$ 3,8 bilhões em reservas cambiais) exigidas do Brasil no fechamento do acordo em 15 de abril passado, que envolveu US$ 49 bilhões renegociados com os bancos credores privados. O partido questiona também o fato de o governo dos EUA não ter emitido os bônus que serviram como garantia ao acordo. Ao comprar esses papéis no mercado, o governo brasileiro teria gasto US$ 60 milhões adicionais. Na Presidência, ele não tomaria, a princípio, nenhuma medida unilateral para romper o acordo. Mas quer renegociar os seus termos. Quer impor uma negociação dura, detalhista e rigorosa em outras negociações do país com organismos financeiros internacionais, incluindo o Clube de Paris. O país interromperia imediatamente o pagamento da dívida externa em caso de crise cambial. INVESTIMENTOS O candidato do PT disse que o maior desafio nessa área é transformar o capital especulativo em investimento produtivo, que gere empregos no país. Lula afirma que não existe qualquer resistência ao capital estrangeiro no seu programa de governo. Mas afirma que do mesmo modo que os investidores estrangeiros querem tirar o maior proveito de suas aplicações, o seu governo também terá esse objetivo na geração de empregos com o capital. PRIVATIZAÇÃO Lula não vai admitir a venda de empresas ou a concessão de serviços para companhias privadas nas área de exploração de petróleo e do sistema de telecomunicações. As duas áreas são consideradas estratégicas. A concessão será aceita na área de energia elétrica. O PT pretende manter e ampliar o serviço de tarifas sociais para populações de baixa renda. Para as outras áreas, o candidato tem mantido um discurso vago. EMPRESÁRIOS O candidato do PT disse que o partido não pode ter duas caras frente aos empresários se quiser governar.Os três pontos básicos de seu plano são: 1) fazer com que os empresários invistam tudo o que têm na geração de empregos; 2) criar um desenvolvimento que gere um mercado de massa que sustente o crescimento e o desenvolvimento do país e; 3) estímulo ao agrobusiness e à implantação da reforma agrária, com subsídios para pequenos agricultores poderem ter acesso a linhas de crédito e sistemas de distribuição. IMPOSTOS E ESTADO Segundo Lula, o Estado brasileiro atualmente finge ter uma política tributária, finge cobrar impostos, os empresários fingem pagar e o governo finge arrecadar. O PT quer implementar alíquotas onde os mais ricos paguem mais impostos e diminuir a carga tributária sobre as empresas. Quer aumentar o imposto sobre propriedades rurais (ITR). Lula disse que o Estado brasileiro atual não presta, que é fraco e que precisa ser revigorado. APARTHEID SOCIAL Lula disse aos investidores que existem hoje oito milhões de desempregados no Brasil e 64 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza. Afirmou que sem uma indústria para produtos de massa e investimentos na educação o país não conseguirá nunca um crescimento sustentado. Texto Anterior: Banqueiros ficam insatisfeitos com Lula Próximo Texto: Chapa branca Índice |
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