São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 1994
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Real vem em julho com deflator

JRC
DA REDAÇÃO

\<FT:"MS Sans Serif",SN\>O ministro Ricupero (à esq.), o presidente Itamar e Fernando Henrique no anúncio da data do real
Crédito Foto: Lula Marques/Folha Imagem
Arte: QUADRO: CONTAGEM REGRESSIVA PARA A IMPLANTAÇÃO DA NOVA MOEDA; O QUE MUDA NO SEU BOLSO COM A PROXIMIDADE DO REAL
Observações: PLANO REAL

Real vem em julho com deflator
A URV (Unidade Real de Valor) e o cruzeiro real tem mais 52 dias de vida. O governo anunciou ontem que vai lançar a nova moeda no dia 1º de julho e aplicar um deflator (desconto na correção monetária prevista originalmente) nos contratos e aplicações que até esta data não estejam urvizados.
Ao traçar um cronograma para que o real sepulte o cruzeiro das cédulas e o país entre definitivamente no sétimo plano de estabilização em oito anos, o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, e o presidente do Banco Central, Pedro Malan, deixaram claro que as altas taxas atuais de inflação embutidas nos contratos não sobreviverão intactas a partir de 1º de julho.
"Não é segredo para ninguém que há uma discussão a este respeito", afirmou Malan. Expresso no artigo 36 da medida provisória ainda não aprovada pelo Congresso, o deflator tentará "evitar que uma inflação passada, através de um efeito estatístico, se projete para o primeiro mês de introdução do real".
O segredo persiste, porém, na forma como se aplicará o deflator. Ponto mais polêmico dos choques do passado, ele será submetido ao Congresso e deverá estrear nos aluguéis. "Esta é uma questão que vamos resolver entre agora e o fim do mês de maio. Não há uma resposta conclusiva porque não há ainda uma decisão num sentido ou no outro", disse Ricupero.
O governo se comprometeu a não "garfar" a poupança, nas palavras do presidente do BC. Estabeleceu que as tarifas públicas vão todas marchar ao compasso da URV até meados de maio. Depois será a vez dos financiamentos rurais e, no início de junho, acenará os rumos que poderão tomar os pontos fundamentais do plano –a política monetária e a política cambial.
Sem revelar o coração do plano, Itamar rebatizou o conjunto de medidas elaboradas pela equipe econômica do ex-ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, de Plano Real. Ao justificar sua necessidade, o presidente da República abriu uma fresta para a realidade na propaganda sobre as virtudes da URV. Mesmo indexado, "o salário convertido em cruzeiros reais continua a ser corroído pela inflação".

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