São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 1994 |
Texto Anterior |
Índice
Cálculo da poupança muda em junho
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Os depósitos em poupança a serem feitos ou renovados em junho deverão ser remunerados de uma forma diferente. O objetivo é evitar fuga de poupadores.Em vez de uma TR (Taxa Referencial) mensal prefixada, o Banco Central pensa em utilizar a acumulação de TRs diárias. O cálculo seria feito com base nos juros dos CDIs (Certificados de Depósito Interbancário -papéis de juros diários utilizados nas negociações entre os bancos). A informação é do diretor de Normas do Banco Central, Cláudio Ness Mauch. A mudança significa que o poupador só conheceria a sua remuneração às vésperas do aniversário do depósito, semelhante ao que ocorria na época da extinta TRD (Taxa Referencial Diária). Atualmente, o poupador sabe com quase um mês de antecedência o que vai ganhar. Se adotada, a mudança deve valer para todas as aplicações remuneradas pela TR. Seja qual for a forma de cálculo da TR, a poupança deve continuar sendo remunerada pela TR mais 0,5% ao mês, após a implantação da nova moeda, o real. Nesse ponto, "não estamos trabalhando com nenhuma mudança", disse Mauch à Folha. A alternativa em estudo visa dar ao governo condições de cumprir a promessa de não "garfar" a remuneração da poupança. Atualmente, a TR é calculada com base nas taxas dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) mensais de juros prefixados –que, por sua vez, consideram uma projeção de inflação para os 30 dias seguintes. Teoricamente, a partir de junho, os juros desses CDBs –e com eles a TR– deveriam ser cada vez menores, pois a expectativa é de queda da inflação com a nova moeda. Entretanto, o governo teme que, mesmo em queda, os juros dos CDBs mensais prefixados contenham previsões exacerbadas de inflação. Essas previsões seriam repassadas para a TR, influenciando assim a caderneta de poupança. Uma forma de evitar isso seria sinalizar diariamente ao mercado a taxa de inflação com a qual trabalha o governo. Mas isso o Banco Central não quer, pois tiraria a sua liberdade de trabalhar eventualmente com taxas mais altas de juros. A utilização do CDI diário seria menos problemática, pois a cada dia as previsões iriam sendo corrigidas, adequando-se sempre à inflação efetivamente ocorrida. Para trocar os CDBs mensais por CDIs diários no cálculo da TR, o BC não precisa de lei. A própria MP (medida provisória) da URV já autoriza o banco a utilizar outro referencial para a TR. Não está definido ainda se os CDIs seriam usados só para calcular a TR de junho para julho ou continuariam mesmo depois. O governo não estudou, até agora, medidas de incentivo à poupança e às demais aplicações como isenção de IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira), informou ontem o presidente do BC, Pedro Malan. Essas possibilidades, entretanto, não estão descartadas, apurou a Folha. Texto Anterior: Real pode pressionar preços dos alimentos Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |