São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 1994
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Fim do 'efeito Senna' eleva as estatísticas de acidentes

DA REPORTAGEM LOCAL

O "efeito Ayrton Senna" no trânsito passou. O número de acidentes na cidade e nas estradas de São Paulo, que havia caído, voltou a atingir as médias "normais" no último domingo.
É o que demonstram as estatísticas de acidentes do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito) e da Polícia Rodoviária.
Foram 234 acidentes na região metropolitana, 69 com vítimas. No domingo anterior, apenas 49 entre os 205 acidentes deixaram feridos.
O último domingo também foi campeão em número de feridos leves (104 contra 83) e acidentes sem vítima (165 contra 156).
Nas estradas estaduais, 13 pessoas morreram anteontem, contra cinco no dia 1º. A média dos três domingos anteriores, segundo a Polícia Rodoviária, foi de 12 mortes por dia nas estradas.
Entre os índices levantados pelo policiamento de trânsito na cidade, apenas as mortes continuaram abaixo da média de 5,6. Foram somente duas no último domingo.
Outro dado que resistiu a uma semana após a morte de Senna foi o número de multas: 2.375 anteontem para uma média anterior de 3.103. No dia 1º foram registradas 2.299 autuações.
"Os números mostram que o impacto da morte de Senna foi traumático mas infelizmente passageiro", diz o coronel Élio Prone, 49, comandante do CPTran.
Ele afima que os dados da última semana não foram sequer significativos em termos estatístico. "Como foi apenas uma semana não deverá nem representar queda na contagem geral do número de acidentes", diz.
Segundo Prone, a segurança no trânsito depende mais da educação e da sensibilidade de cada motorista no dia-a-dia.
Para o analista de segurança de trânsito da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) Luiz Carvalho Montans, o chamado efeito Senna, na verdade, não existiu.
"É uma coincidência ter diminuído o número de acidentes no dia da morte do Senna. Talvez as pessoas tenham deixado de sair de casa", afirma.
Montans diz acreditar que nenhum acontecimento desse tipo possa mudar de maneira duradoura o comportamento da população. "Se não houver fiscalização, as pessoas agem incorretamente."

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