São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 1994
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Coordenador do Projeto H.O. ataca Bienal

DA REPORTAGEM LOCAL

O artista plástico Luciano Figueiredo, 47, coordenador do Projeto H.O., responsável pela obra de Hélio Oiticica, diz que a sala especial dedicada ao artista na Bienal de São Paulo, em outubro, pode ser cancelada.
"Não tenho certeza de que essa sala especial vai acontecer. Ficamos indignados com os equívocos que a Bienal Brasil Século 20 (que está em cartaz no Ibirapuera) cometeu em relação ao Hélio", diz.
Ambas as exposições têm curadoria geral do crítico Nelson Aguilar. "Na Bienal Brasil os `Metaesquemas' estão montados de maneira incorreta. A bandeira `Seja Herói' está dentro de vidro. As obras não estão expostas de forma íntegra. Para nós, isso é uma questão grave do ponto de vista conceitual", diz Figueiredo.
O coordenador do projeto H.O. discorda também da premissa conceitual que sustenta a escolha de Oiticica, Lygia Clark e Mira Schendel para as salas especiais da Bienal em outubro, embora concorde que a importância dos três seja inquestionável.
"A Bienal quer homenagear esses artistas e ficamos contentes com isso. Mas a abordagem nos deixa descontentes. Não podemos concordar de maneira nenhuma com a idéia de uma santíssima trindade para a arte brasileira. Nenhum desses artistas pediam qualquer tipo de canonização. É muito autoritário você tributar toda a produção posterior a esses três artistas", diz Figueiredo.
A idéia da Bienal para a sala Oiticica é montar dois "penetráveis" ("Nada" e "Rijanviera") e uma ambiciosa apresentação de parangolés. "Se nada mudar, eu não participarei dessa montagem. Se decidirmos que não vamos fazer, eles não montam", diz Figueiredo.

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