São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 1994
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O PT e os delinquentes

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Tenho colecionado cartas –algumas delas desaforadas– sobre comentários desta coluna enfocando a aliança PT-PC do B. Consideram essa aliança insignificante e os comentários, exploração eleitoral. Volto ao assunto porque a Folha acaba de publicar reportagem mostrando que o PC do B é um dos símbolos de delinquência ideológica.
Na reportagem publicada domingo passado, os dirigentes do PC do B, partido com 185 mil filiados e seis deputados federais, anunciam: se necessário, as liberdades políticas e civis (expressão, manifestação e expressão) devem ser suspensas. Ou seja, defendem abertamente a ditadura.
A delinquência ideológica está no óbvio: depois de tantos crimes e injustiças cometidas pelas ditaduras na história da humanidade, particularmente neste século, existe gente capaz de defender o desrespeito aos direitos humanos. E, no caso, gente que, eleito Lula, deve abocanhar cargos na administração federal.
Ao tentarem acobertar ou minimizar essa delinquência, dirigentes do PT prestam um desserviço: o papel dos democratas é varrer esses indivíduos do cenário político. E varrer não como eles varreriam seus adversários, prendendo e exilando quem discordasse de suas idéias. Significa expor suas idéias, mostrar o absurdo de quem defende a opressão como uma forma de libertação.
Aos grupos como PC do B ou MR-8 (este, cabo eleitoral remunerado de Quércia) deve ser dado o mesmo tratamento conferido aos neonazistas: evitar que eles prosperem para que não conspirem contra a democracia. Tenho certeza de que os militantes sérios e ponderados do PT (e há muitos deles) sentem-se no mínimo incomodados com alianças desse tipo.
Só gostaria de saber como esses mesmos indivíduos que não gostam das críticas ao acordo PT-PC do B reagiriam se o general Newton Cruz, candidato ao governo do Rio, propusesse o fechamento do Congresso.
PS – A propósito, vale a pena ler artigo do presidente do PC do B, João Amazonas, publicado na Folha sobre o golpe da linha dura na então União Soviética contra Gorbatchov. O título do artigo diz tudo: "Acontecimento alvissareiro".

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