São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 1994
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Terras indígenas; Revisão exclusiva; Lições de Senna; Chibatadas; Social-democracia; Avestruz

Terras indígenas
"A título de esclarecimento sobre a matéria publicada ontem na Folha intitulada `Índios querem obter posse de fazenda em MS', informamos que os índios guarani-kaiowá deram início no dia 4 de maio à reocupação da área indígena takuaraty-yvykuarusu, de 2.609 hectares, demarcada e homologada por decreto presidencial datado de outubro de 1993. Confinados em uma faixa de terra de 200 hectares, devido à ação de fazendeiros, buscam agora os índios guarani garantir a posse integral sobre terras da União destinadas à sua ocupação tradicional, como determina a Constituição brasileira. A iniciativa dos guaranis, portanto, visa garantir a posse de uma área que lhes pertence, e da qual foram expulsos, desde 1976, em sete ocasiões por força da ação de fazendeiros que irregularmente ocupam aquelas terras."
Lidia Luz, coordenadora da Comissão Pró-Índio de São Paulo (São Paulo, SP)

Revisão exclusiva
"A campanha iniciada pela Folha para a eleição imediata de uma assembléia revisora é bem-intencionada. Mas, se podemos partir para um plebiscito, por que não emendar imediatamente a Constituição, reduzindo drasticamente a quantidade de políticos eleitos e pagos pelo contribuinte? Máximo de 15 vereadores e deputados estaduais. Senado federal e Câmara dos Deputados unificados em uma única casa com um total máximo de 60 representantes! E, a cada ano, uma `confirmação' das eleições, para desalojar, através do voto popular, todos os que não tenham cumprido suas promessas de campanha! Isso seria uma democracia plena. O povo elege e cassa!"
Roberto Lira Miranda (São Paulo, SP)

Lições de Senna
"A morte do nosso Ayrton Senna deixou muita tristeza, mas deixou também uma grande lição de vida. Na sua simplicidade, humildade e trabalho, Senna se tornou um líder. Nós, brasileiros, seguimos sua trajetória até o fim. Sabemos torcer, lutar e chorar por pessoas como ele; sabemos ser afetuosos e carinhosos com gente que nos trata bem. Srs. políticos, levem essa lição para casa e pensem na responsabilidade de estar representando a nós, o povo brasileiro."
Fábio Henrique Bei (São Paulo, SP)

"Simplesmente fantástico o artigo de Marcelo Coelho (04/05) sobre a cor do nacionalismo brasileiro. Seu artigo daria uma tese de psicologia, pois aborda a questão do nacionalismo póstumo e negro do brasileiro bem como a também identificação e apropriação póstuma do herói, agora mito. Nem Ayrton Senna tem a cara do Brasil, muito menos o Brasil tem a cara de Ayrton Senna. Ayrton Senna representava tudo aquilo que o brasileiro queria ter e não tinha: glória, poder, mulheres bonitas, milhões de dólares, prestígio internacional. Senna era o ídolo de um mundo que o povão só conhecia pela televisão. Milionário, teve a vida que os brasileiros nunca tiveram, foi o Brasil utópico dos sonhos de milhões de brasileiros, estes sim, `Silvas' verdadeiros."
Salma Ferraz (Assis, SP)

"Como funcionária pública, me sinto indignada e envergonhada. Deixamos de trabalhar na última quarta-feira para que se prestasse uma `última homenagem' ao grande vencedor. Se todos quiséssemos realmente prestar essa homenagem, seria da forma que ele sempre escolheu: com muito trabalho, muita dedicação, muita atenção! Não será com demagogia barata que demonstraremos carinho e respeito."
Lídia Maria dos Reis (São Paulo, SP)

"A tragédia que cortou o fio triunfal da existência de Ayrton Senna marcou com uma profunda consternação o espírito de incontáveis brasileiros. Oxalá que, como compensação a essa imensa tristeza, saibamos tirar da tragédia uma sábia lição. É a de que, nos grandes lances da vida, se deve ser corajoso em toda a medida da capacidade que se tem. Mas que nossa prudência não deve ser menor do que nossa coragem. Quem sabe, se a prudência de todos os que prepararam as circunstâncias para o grande lance de Ayrton tivesse sido tão exímia quanto ele foi valente, o grande piloto estaria entre nós..."
Plinio Corrêa de Oliveira, presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade –TFP (São Paulo, SP)

"Faço parte de uma minoria de brasileiros que nunca assistiu sequer uma corrida de Fórmula 1, que nunca viu o Senna ganhar qualquer competição e nunca nutriu a menor veneração pelo pranteado finado. Acompanhei, sim, com interesse, a pitoresca polêmica divulgada na mídia a respeito da suposta homossexualidade de Senna, solteirão empedernido, acusado por Piquet de usar Xuxa e outras beldades famosas como anteparo para camuflar seu homoerotismo. Neste momento em que toda a nação pranteia a morte do campeão, uno-me à comoção coletiva, mas denuncio a crueldade e irracionalidade de um esporte impulsionado por absurda ideologia machista, que faz da velocidade suicida sua regra magna."
Luiz Mott, presidente do Grupo Gay da Bahia (Salvador, BA)

Chibatadas
"Lemos, com certa perplexidade, a respeito do castigo imposto aos crimes de vandalismo em Cingapura... Observamos, outrossim, os aspectos positivos de tais castigos; propomos legislação semelhante para os casos de superfaturamento, desvio do dinheiro do Orçamento e outros crimes como o jogo do bicho. O número de chibatadas deve ser contado quanto maior o preço social pago pelos não incluídos..."
Francisco Oliveira Neto (Recife, PE)

Social-democracia
"Maria da Conceição Tavares, que já foi do PMDB, agora quer ser deputada pelo PT. É um direito dela. Disse à Folha que `se houver algo parecido com social-democracia no Brasil, ela está no PT'. Certamente ela ainda não leu o programa do seu novo partido, que abomina a social-democracia."
Carlos Ilich Santos Azambuja (Rio de Janeiro, RJ)

Avestruz
"A propósito da matéria `Jornalista não é avestruz' (24/04), do extraordinário jornalista Gilberto Dimenstein: concordo plenamente com as palavras do referido jornalista e também com as do respeitado professor Bolívar Lamounier, ambos, em resposta aos protestos de alguns militantes do PT, ainda sobre a frase dita por Lula, numa entrevista concedida à revista `Playboy' em 1979, na qual o Lula desgraçadamente elogiou Hitler. Isto foi há 15 anos; portanto, não faz tanto tempo assim, não é mesmo? Mas, de qualquer maneira, é desastroso para um futuro presidente do Brasil."
Francisco das Chagas Fernandes (São Paulo, SP)

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