São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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Indústria estabiliza os preços em URV

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As indústrias que abastecem os supermercados estão mantendo neste mês os preços em URV (Unidade Real de Valor) do mês passado.
Para os representantes da Apas (Associação Paulista dos Supermercados), após dois meses de intensa negociação com fornecedores, a queda-de-braço em torno de preços se acalmou.
Omar Assaf, vice-presidente da Apas, diz que 90% das empresas que têm produtos líderes de mercado já converteram seus preços para URV. "Isso está acertando o mercado."
Segundo ele, não há ambiente para aumentos reais de preços porque as vendas continuam em ritmo lento. "Só há espaço para remarcar preços para baixo."
Flávio Escobar, diretor de marketing dos hipermercados Cândia, crê que algumas empresas vão tentar reajustar preços em URV na tentativa de se "resguardarem" até a chegada do real.
"Mas a especulação não vai se sustentar. Vamos boicotar mesmo esses fornecedores", afirma. Há alguns casos de empresas, diz ele, sem citar nomes, de aumentos de preços, em URV, de até 80% em um mês.
Firmino Rodrigues Alves, vice-presidente da Apas, diz que a maioria das tabelas de preços das empresas que chegam nos supermercados neste mês é igual à do mês passado.
Há exceções. "Ainda estamos negociando com alguns fornecedores de derivados de tomate." Ele conta que nesses casos, as indústrias querem reajustar os preços, em URV, entre 5% a 12%.
"O preço do café também tem subido mais do que a variação da URV. Neste caso, o aumento é de 25%."
Segundo ele, os supermercadistas estão, de qualquer modo, preocupados com a retirada dos descontos –que hoje estão entre 10% e 15%- concedidos hoje pelas indústrias antes da estréia do real.
Para Rodrigues Alves, com a entrada do real as vendas devem aumentar entre 10% e 15%, na comparação com igual período do ano passado.
"Isso deve acontecer, no entanto, após seis meses de vida da nova moeda. O consumidor precisa ter a certeza de que o real é mesmo forte."
Eletroeletrônicos
Michael Klein, diretor da Casas Bahia, informa que as tabelas de preços dos seus fornecedores, em URV, estão mantidas neste mês.
Segundo ele, não deve haver especulação de preços a partir de agora até a estréia do real. "O que vale é a lei da oferta e da procura."
Klein conta que as vendas da sua rede de lojas estão "no máximo" iguais às de igual período do ano passado. "Atualmente estamos com volume de vendas 10% abaixo do programado."
Segundo ele, as vendas reagiram na sexta-feira e no sábado, dias que antecederam ao Dia da Mães.
Para Sérgio Giorgetti, diretor geral do Ponto Frio, não há possibilidade de haver explosão de consumo com o real. "Deve haver, sim, normalização nas operações de compra e venda porque os preços serão teoricamente fixos."

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