São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994 |
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Highsmith tem tratamento em tom fetichista
BERNARDO CARVALHO
Em "A Vítima por Testemunha" ("Eaux Profondes"), de Michel Deville, baseado no romance "Águas Profundas", um corpo também é jogado n'água, onde permanece até o fim, mantendo viva a ameaça de um dia emergir e pôr tudo a perder. Nos livros de Highsmith a água é quase uma metáfora da própria estrutura narrativa: nada acontece, mas a tensão é permanente. Em "A Vítima por Testemunha", a ambiguidade dessa "ação sem ação" está na relação amorosa (e perversa) de um casal. Sem que as coisas sejam ditas, a mulher mantém casos extraconjugais, expondo-se em público e mesmo ao marido, que observa aparentemente com passividade, mas termina agindo da forma extrema –o que, em Highsmith, é sinônimo de assassinato. Nessa relação perversa nunca se sabe até onde vai a cumplicidade, quem sabe o quê, e qual a real finalidade dos atos. O francês Deville deu a esse material um tom fetichista e afetado. Foi sua principal contribuição a uma trama sutil. Vídeo: A Vítima por Testemunha Diretor: Michel Deville Elenco: Isabelle Huppert e Jean-Louis Tritignant Distribuidora: Paris Vídeo Filmes (tel. 011/864-3155) Texto Anterior: Locadoras têm bons títulos Próximo Texto: Show é igual aos anteriores Índice |
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