São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Petista não convence banqueiros sobre dívida

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Os banqueiros internacionais não ficaram totalmente convencidos pelo candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, de que ele vá cumprir o acordo da dívida externa fechado em abril passado caso seja eleito.
Assim que chegou ontem para o almoço na Câmara Brasil-Estados Unidos, em Nova York, Lula foi abordado pelo vice-presidente do Citibank, William Rhodes, que quis saber, de pé e no meio do saguão, o que Lula andava dizendo sobre o assunto desde que chegou à cidade.
"O senhor vai honrar o acordo?", perguntou Rhodes em espanhol. "O acordo foi péssimo para o Brasil, mas como o Senado aprovou, esta parte está acordada. Não dá para ficar chorando o leite derramado, mas é estranho que as pessoas gritem quando nós falamos em renegociar", disse Lula.
No final da conversa, Lula disse que "cabe ao presidente que assumir honrar o acordo". Rhodes concordou. Questionado se sentia mais tranquilo com a resposta, Rhodes negou-se a responder.
Durante o almoço, Lula sentou-se na mesma mesa que Rhodes e estava acompanhado de seu coordenador econômico, Aloizio Mercadante.
Em seu discurso, Mercadante disse em público que "Rhodes ainda teria muita dor de cabeça no futuro". Depois, Mercadante disse que interromperia os pagamentos em caso de crise cambial.
Após o almoço, Rhodes disse à Folha que pelo seu "entendimento", Lula honrará o acordo caso seja eleito.
O vice-presidente do Citibank coordenou o acordo do Brasil com os bancos credores internacionais, que envolveu US$ 49 bilhões e demorou 11 anos para ser fechado.
Durante seu discurso, Lula prometeu ser duro daqui para frente nas negociações das dívidas do Brasil com governos, bancos oficiais e com o Clube de Paris. O total desses débitos é de US$ 65 bilhões.

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