São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Publicitária foi recusada como doadora em abril

DA REPORTAGEM LOCAL

A publicitária Daniela, 22, foi recusada como doadora voluntária no Hemocentro do Hospital das Clínicas em abril. Ela foi impedida porque afirmou, durante entrevista seletiva de doadores, ter experimentado maconha.
"A primeira coisa que a enfermeira me disse foi: `O que deu na sua cabeça para você doar sangue?"', conta Daniela.
Depois, seguiram as perguntas sobre Aids e grupo de risco. "Ela me perguntou quantos parceiros eu tive, eu respondi e disse que tinha usado camisinha com todos, por isso não havia problema."
Daniela conta que respondeu negativamente quando foi perguntada se já havia usado drogas injetáveis ou cocaína.
"Quando ela perguntou, em tom de incredulidade, `nem maconha você nunca experimentou?', eu disse que sim, quando estava na faculdade, há dois anos.
Segundo ela, a resposta foi imediata: "Desculpe, mas o Ministério da Saúde proíbe usuários de drogas de doar sangue".
"Fiquei indignada. Acho que ela me achou meio hippie por causa da roupa. Parece que desde o início ela estava procurando alguma coisa para me barrar. Se tiver de doar outra vez não volto ao Hospital das Clínicas", afirma.
Situação semelhante aconteceu com o economista Marcos, 25. Ele também foi classificado como usuário de drogas porque disse já ter fumado maconha no passado.
"O pessoal estava até animado comigo porque eu era voluntário. Quando a enfermeira me perguntou se havia consumido algum tipo de droga nos últimos tempos eu disse álcool e maconha", conta.
Quanto ao álcool, a resposta foi que não havia nenhum problema, segundo Marcos. Já a maconha foi suficiente para impedí-lo de doar.
"Comecei a discutir. Disse que estava sendo discriminado por um comportamento. É como se eu não pudesse doar porque torço para o Palmeiras ou sou petista", afirma.

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