São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pró-Sangue muda critério de doação

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fundação Pró-Sangue, que abastece 200 hospitais da rede pública em São Paulo, mudou alguns critérios para habilitar doadores de sangue.
Em abril, a diretoria da fundação decidiu que pessoas que já experimentaram drogas não-injetáveis, como maconha, podem doar.
A portaria do Ministério da Saúde de novembro de 93 proíbe apenas a doação de usuários de drogas endovenosas, por pertencerem ao grupo de risco de Aids.
Também se tornaram habilitadas as mulheres em período menstrual. Até 93, elas eram impedidas porque se temia que a menstruação pudesse esconder uma hemorragia.
"Era um exagero de cuidados. Durante a adolescência muita gente experimenta maconha e nós estávamos perdendo doadores", disse Alfredo Mendrone Júnior, 33, chefe do Departamento de Aferése (máquina que separa o sangue e só recolhe plaquetas).
Um dos motivos do rigor na triagem é evitar que se use a doação como forma de fazer o teste para detectar o vírus HIV.
"A doação deve ser segura para quem doa e para quem recebe", diz o médico-chefe do Hemocentro das Clínicas, Mário Ivo.
O chefe do Departamento de Triagem e Coleta da fundação, Marcelo Cliquet, disse que os novos critérios foram adotados com base em estudos científicos.
"Não é porque o indivíduo usou uma droga não-injetável que ele vai transmitir qualquer doença pelo sangue," afirma Nélson Hamerschlak, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Hematologia.
As mudanças representam uma queda de 1% nas rejeições. A fundação recebe normalmente 20 mil voluntários por dia. Do total, 20% são recusados durante a entrevista.
A maior causa de recusa (60%) é enquadramento no grupo de risco de Aids por promiscuidade. São consideradas promíscuas pessoas que tiveram relações sexuais com mais de 5 parceiros em um ano.
"É um parâmetro subjetivo adotado pela comissão da Fundação, não há dados científicos para ditar uma norma", afirmou Mendrone.

Texto Anterior: Publicitária foi recusada como doadora em abril
Próximo Texto: Brizola e Nilo Batista visitam a linha vermelha; O NÚMERO; Técnicos vistoriam navio do Chipre no RS; Morre dono do local da tragédia do Césio 137; QUINA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.