São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Fipe detecta que inflação chega a 46,5%

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O ritmo de aumento dos preços continua subindo em São Paulo. A taxa de inflação da primeira quadrissemana de maio foi para 46,5%, acima dos 46,22% de abril.
Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que semanalmente divulga taxa de variação dos preços de 30 dias em relação aos 30 anteriores.
A Fipe divulgou também a alta dos preços em relação à URV. Os preços em cruzeiros reais superaram em 2,09% a evolução da URV, abaixo dos 2,62% de abril.
Na primeira quadrissemana, quando foram comparados os preços de 8 de abril a 8 de maio com os de 8 de março a 7 de abril, a pressão maior veio de vestuário.
Os reajustes no setor atingiram 58,69% nos últimos 30 dias até 8 de maio, contra 47,7% em abril. O aumento foi acelerado, mas sempre ocorre neste período do ano.
A puxada se deve ao fim das liquidações de verão e à chegada da moda outono-inverno nas lojas. Os novos produtos são mais pesados e, consequentemente, mais caros.
Juarez Rizzieri, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que só o vestuário foi responsável por uma aceleração de 0,91 ponto na taxa de inflação.
Ou seja, retirado o efeito do setor de vestuário do índice da Fipe, a taxa de inflação teria ficado em 45,59% e não em 46,5%, como constatado pela institutição.
Mas se vestuário está pressionando o bolso dos paulistanos, os alimentos começam a subir menos, mostra a pesquisa de preços da Fipe.
Na primeira quadrissemana de maio, a Fipe registrou elevação de 42,47% nos alimentos, taxa que fica abaixo do índice médio global pela terceira semana consecutiva.
A desaceleração ocorreu principalmente entre os alimentos semi-elaborados (37,65%) e produtos "in natura" (30,69%).
Entre os semi-elaborados, as menores pressões vieram da carne bovina, que subiu 35% no período. Cereais (32%) também subiram menos, devido à desaceleração dos preços do feijão (18% no período).
Os alimentos industrializados mantêm alta (51%). Rizzieri diz que ela vem do esforço dos supermercados em recuperar margens de lucro perdidas com a chegada da URV.
Nos demais setores, a Fipe não encontrou grandes modificações na variação de preços, à exceção de saúde. O serviços médicos subiram 48% no período.
A taxa de inflação da Fipe de maio pode ficar abaixo dos 46%, prevê Rizzieri. Aluguel e alimentos vão pressionar menos, compensando a alta de vestuário.

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