São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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`Por que eu estarei correndo em Mônaco'

MARTIN BRUNDLE

Especial para o "The Independent"
Foi muito fácil para nós, no sábado que antecedeu o GP de San Marino, dizer que Roland Ratzenberger era um piloto jovem, numa equipe nova, e que se alguma coisa fosse acontecer, seria naquelas circunstâncias.
No domingo, quando Ayrton Senna, tricampeão mundial, piloto da campeã Williams, morreu, foi um choque. Eu não imaginava que ele fosse tão importante. Nos noticiários, só se via a eleição de Nelson Mandela na África do Sul e Senna morto em Imola.
De propósito, eu não assisti ao replay do acidente no circuito. Para ser honesto, estou enjoado da cobertura das batidas. O que digo à minha filha de seis anos se ela me pergunta por que estão fazendo massagem cardíaca num piloto? Os pilotos merecem dignidade.
Já enfrentei o problema de entrar num F-1 depois da morte de Senna e não foi fácil. No caminho para o circuito de Silverstone, onde treinei semana passada, pensei: "Eu não quero correr".
Mas decidi correr em Silverstone e estarei no GP de Mônaco porque ainda tenho muito a fazer na minha carreira.
Há, claro, muito o que se debater sobre segurança. Mas não acho que Mônaco seja perigoso. Você tem barreiras ali e o carro tende a deslizar. O que machuca é a batida seca no muro de concreto.
Os pilotos têm de se unir e fazer sua parte na busca de segurança. Os projetistas farão a parte deles, pois ficam horrorizados quando os carros deles machucam um piloto. A FIA, espero, também.
Ninguém está ali por dinheiro. É a agitação, a excitação que só conseguimos correndo. É o que fazemos. É o que queremos continuar fazendo. E é por isso que estarei correndo em Mônaco neste fim-de-semana.

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