São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pilotos discutem hoje segurança na F-1

ANDRÉ LAHOZ; CLÓVIS ROSSI
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A MÔNACO

Os pilotos da Fórmula 1 marcaram para hoje, a partir das 9h, uma reunião destinada a discutir medidas de segurança.
A idéia surgiu após os acidentes de Imola, que causaram ferimentos em Rubens Barrichello e a morte de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger.
Mas tornou-se mais importante ainda após um quarto acidente gravíssimo, o de ontem, com o austríaco Karl Wendlinger.
Não será fácil, entretanto, que a reunião produza resultados efetivos. Por mais que os pilotos garantam que estão unidos, a verdade não é bem essa.
Schumacher, por exemplo, é cauteloso e evita falar sobre questões de segurança. Ele, como líder do Mundial, teria mais força política para apresentar reivindicações do grupo à FIA (Federação Internacional de Automobilismo).
Christian Fittipaldi mostra-se cético ao ponto de atribuir ao azar os acidentes de Imola. "A bruxa estava solta. Quem entende de F-1 sabe que o que aconteceu lá foi muito azar", diz o brasileiro.
Mas Patrick Faure, presidente da Renault Sport, que fornece o motor dos carros da Williams, equipe de Senna, tem opinião bem diferente: "São necessárias mudanças grandes e agora", diz.
Uma preocupação citada com virtual unanimidade pelos pilotos é com a proteção da cabeça. "O Senna não teve nenhuma fratura no corpo, o que mostra que o carro em si está muito forte. Mas a cabeça fica exposta", diz Christian.
Mesmo essa unanimidade no diagnóstico é contraposta à dificuldade de se encontrar um remédio para o mal. "Na velocidade em que o Ayrton bateu, não sei se uma proteção para a cabeça teria resolvido", diz Pedro Lamy.
Talvez por essas discordâncias, a carta-convocatória para a reunião pede aos pilotos que mantenham sigilo sobre as discussões. Em princípio, está estabelecido um quórum mínimo de 75% dos presentes para que as propostas sejam levadas adiante.
A própria FIA não está alheia à preocupação com segurança. Seu presidente, o inglês Max Mosley, marcou para o mesmo dia de hoje uma entrevista coletiva na qual vai discutir precisamente esse tema.
(ALz e CR)

Texto Anterior: Sombra de Senna paira sobre a F-1
Próximo Texto: `Por que eu estarei correndo em Mônaco'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.