São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Cidade tem bons italianos das safras 88 e 90

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os vitivinicultores italianos começaram a década de 90 com o pé esquerdo. O pais suportou em 91, 92 e 93 condições adversas ao cultivo da uva –como chuvas na hora da colheita– que prejudicaram as safras.
Como reflexo, pouco tempo atrás, em Nova York, em uma degustação vertical (diferentes safras do mesmo vinho) de duas décadas de Tignanello, da qual a Folha participou, o vitivinicultor Piero Antinori excluiu do painel o da safra 91. Na oportunidade, anunciou que este tinto, um dos grandes vinhos italianos, não terá versão 92. Não haverá também Solaia 92, outro dos supervinhos da Toscana que ele modela.
Seu primo, Ludovico, dono de outra das preciosidades new-wave da bota, o Ornellaia (US$ 60 a garrafa), lançou o La Viole (US$ 14). O novo tinto –safra 92– é corte de Cabernet Sauvignon e Merlot (que também entram no corte do Ornellaia) com variedades locais. Caldos da grande estrela desviados em 92 para um novo rótulo por não terem o nível adequado?
Um pouco mais ao norte, no Piemonte, Angelo Gaja não deixa lugar a especulações. Segundo a revista norte-americana "Wine Spectator", Gaja anunciou que não engarrafará nenhum dos seus famosos Barbarescos (Costa Russi, Sori Tildin e Sori San Lorenzo) das safras 91 e 92.
Apesar do azar, quem não dispensa uma boa garrafa de vinho italiano pode simplesmente recorrer aos estoques paulistanos das belas safras de 88 e 90, consideradas excepcionais na península.
Os fãs dos vinhos do Piemonte podem achar no Eldorado o Gagliassirosso 90. Ele tem perfume e paladar marcado por madeira, bem mesclada com fruta (framboesa) e taninos leves, que lhe dão uma textura agradável.
Na ala dos Chiantis, na Maison de Vins há um par de Riserva 88: o Carpineto (mais redondo) e o Lilliano (mais encorpado). Os dois exibem boa fruta (cereja, ameixas pretas) e aquele inconfundível e delicioso toque balsâmico destes vinhos da Toscana.
Na Casa Cabral está o siciliano Terre D'Agala, da Corvo de Salaparuta, de características frutadas intensas (groselhas) e leve toque medicinal. Ele enche a boca, tem bom corpo e dá bons motivos para começar a olhar com mais carinho os vinhos desta grande ilha do Mediterrâneo e encontrar ali muito mais que o vinho Marsala.

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