São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Ná Ozzetti quer ser ouvida nas rádios

CARLOS CALADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Seis anos após seu primeiro disco solo, Ná Ozzeti volta às lojas. O CD "Ná" traz três novidades: além de se lançar como compositora, em seu primeiro trabalho distribuído por uma gravadora multinacional, desta vez a cantora pretende frequentar as rádios.
Não vai ser fácil. Em parte, pelo fato de a voz expressiva de Ná ser ainda identificada com a alternativa geração paulistana do final dos anos 70, que lançou nomes como Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Vânia Bastos, Premeditando o Breque e o próprio grupo Rumo, do qual Ná fez parte.
"Enquanto cantora do Rumo, posso dizer que nunca movemos uma palha no sentido de aumentar nossa vendas", reconhece Ná. Afinal, a orientação de seu grupo sempre privilegiou um refinado trabalho de elaboração musical. Concessões? Nem pensar.
Se essa atitude conquistou elogios da crítica, acabou também atraindo o perigoso rótulo do "vanguardismo" –estigma que atinge tanto o rumo como quase todo aquele grupo de músicos.
"Passou bastante tempo e nosso trabalho já foi muito além do rótulo de 'vanguarda paulista'. Acho que nosso conceito é mais universal. Vamos carregar esse rótulo para sempre?", pergunta Ná.
Há dois anos ausente dos palcos, nesse período Ná mergulhou no trabalho de composição. "Senti a necessidade de ir mais fundo no que eu vinha fazendo. Comecei a estudar piano feito louca. Precisava me reciclar".
Várias das primeiras composições foram divididas com a artista plástica Edith Derdyk (que assina a letra da faixa "Lugar"). O trabalho progrediu e Ná acabou atraindo novos parceiros.
"Fiz questão de que todos eles entrassem no disco", diz Ná, que tem ainda Itamar Assumpção, Luiz Tatit e Suzana Salles como letristas de suas melodias.
"Muita coisa aconteceu nesses seis anos. Acho que esse CD é um amadurecimento de tudo o que eu vivi desde o meu primeiro disco. Agora eu me sinto mais segura, por que antes tinha as idéias mas não sabia como realizá-las", diz.
Hoje, Ná sabe exatamente o que quer. "Tive a preocupação de encontrar uma sonoridade que possa ser tocada no rádio", assume.
Para viabilizar esse padrão mais pop, Ná e seu irmão Dante Ozzetti (que assina a direção musical e os arranjos) convocaram o produtor Manny Monteiro, que já trabalhou em estúdios dos EUA.
Dante também foi o idealizador do projeto cooperativo que, através de cotas de participação de músicos e empresas, custeou toda a produção e gravação do CD.
O disco ficou pronto em agosto do ano passado. Só então a distribuição começou a ser negociada com a Warner, através do selo Dabliu, do compositor e advogado José Carlos Costa Neto.
"O grande desafio desse trabalho foi justamente chegar a uma sonoridade de rádio, sem abrir mão de nada. Não posso fugir do que eu sou", diz a cantora.

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