São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Justiça nega pedido de apreensão de `Lamarca'

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O juiz Marco Aurélio de Oliveira, da 34ª Vara Cível do Rio, indeferiu o pedido de busca e apreensão das cópias do filme "Lamarca", de Sérgio Rezende. O pedido foi feito pelo presidente do Clube Militar, general Nilton Cerqueira.
O general, que comandou as buscas ao guerrilheiro Carlos Lamarca, morto em confronto com o Exército em 1971, acha o filme "uma deturpação marxista da história".
Candidato a deputado estadual pelo PP, o general diz no pedido que "é perigoso falar nesse assunto, pois a juventude pode ter uma visão errada desse desertor".
Lamarca deixou o Exército no final dos anos 60 para ingressar na organização guerrilheira de esquerda VPR (Vanguarda Popular Revolucionária).
No filme, o personagem "major", vivido por José de Abreu, é o responsável pela perseguição e morte de Lamarca, no sertão da Bahia. Cerqueira era major na época do episódio.
Segundo Sérgio Rezende, o personagem "major" não representa Cerqueira, "mas qualquer militar que tenha recebido a missão de matar o líder da VPR".
Cerqueira nunca comentou a morte de Lamarca. Na versão do filme, o guerrilheiro dormia embaixo de uma árvore quando foi surpreendido e morto pela patrulha comandada pelo "major".
O protagonista do filme, Paulo Betti, acredita que a apreensão das cópias do filme seria "uma ameaça à liberdade de expressão".
O general Cerqueira não foi localizado até as 12h de ontem para comentar o indeferimento de seu pedido judicial.
Ele pode requisitar revisão do despacho do juiz e tentar um mandado de segurança no Tribunal de Alçada Cível do Rio.

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