São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Morre líder trabalhista britânico

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Um ataque do coração matou ontem em Londres John Smith, 55, líder do Partido Trabalhista (oposição) e visto como favorito para substituir John Major no cargo de primeiro-ministro britânico.
Sem sucessor aparente, a morte de Smith pode abrir uma briga pela liderança entre os trabalhistas num momento em que o partido tem chances de acabar com o domínio conservador que dura 15 anos.
O governo conservador tem até meados de 1997 para convocar as próximas eleições gerais, mas a fragilidade do governo Major pode levar a eleições antecipadas ou mudança do premiê conservador.
Pesquisas de opinião indicam que mais de 40% do eleitorado votariam nos trabalhistas nas próximas eleções gerais, contra menos de 30% nos conservadores.
Para as eleições ao Parlamento Europeu, em 9 de junho, pesquisa divulgada anteontem indica 44% dos votos para os trabalhistas contra 27% para os conservadores.
Até as eleições de junho os trabalhistas serão liderados pela vice-líder Margaret Beckett.
O partido suspendeu a campanha eleitoral por uma semana em respeito à morte de Smith. A disputa pela liderança começará depois das eleições e há quatro deputados vistos como principais concorrentes.
A morte de Smith abalou o sistema político britânico. O Parlamento lotou para uma sessão em sua homenagem e depois foi desconvocado pelo resto do dia.
John Major, que duas vezes por semana confrontava diretamente Smith em debate no Parlamento, disse emocionado: "Eu penso nele como um oponente, não como um inimigo. E quando lembrar dele o farei com respeito e afeição".
Paddy Ashdown, líder do Partido Liberal Democrata, disse que a morte era injusta e que Smith era um premiê em gestação.
Na sede do Partido Trabalhista em Londres vários militantes choravam enquanto simptizantes depositavam flores e mensagens na porta do prédio.
Smith chegou à liderança do partido após a derrota para os conservadores nas eleições gerais de 92, apesar de as pesquisas terem apontado vitória trabalhista.
Ele conseguiu unir o partido e lhe dar uma imagem mais moderada, conquistando eleitores conservadores e empresários.
Smith, que sofreu um ataque cardíaco há seis anos, desmaiou em sua casa em Londres ontem de manhã e morreu pouco depois no hospital St Bartholomew.
Ele vinha lutando para evitar que o hospital fosse fechado pelas reformas de Major no sistema britânico de saúde pública.

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