São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994
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FHC se diz contra `Estado mínimo'

EMANUEL NERI; INÁCIO MUZZI
ENVIADOS ESPECIAIS A CONTAGEM (MG)

Principal aliado do PSDB na sucessão presidencial, o PFL acabou servindo de alvo do discurso de Fernando Henrique Cardoso na convenção que homologou sua candidatura a presidente. Para FHC, o PSDB é o "contrário daqueles que pregam o Estado mínimo e, sob a bandeira do livre mercado, defendem na verdade os altos lucros e os salários exagerados dos executivos do setor privado, sem contrapartida social".
O candidato do PSDB disse que seu partido defende um "Estado enxuto, mas forte para corrigir as distorções do mercado e executar políticas em favor dos mais pobres".
Em seu discurso, FHC se referiu à aliança com o PFL –motivo de dissidência no partido. O candidato disse não ver "supostos riscos de nos aliarmos a partidos com história distinta da nossa, como se em função dela o PSDB pudesse vir a se despreocupar de sua história e de seus compromissos programáticos".
"Acreditar que o PSDB sozinho vai eleger o presidente e uma maioria de governadores e parlamentares que lhe permitam governar o país, é ignorar os fatos mais elementares da realidade político-eleitoral", afirmou.
O candidato do PSDB criticou o PT, seu principal adversário na sucessão presidencial. Segundo ele, o PT "não se mostrou à altura de enfrentar os problemas reais do país". Para FHC, os petistas têm "preferido sempre a demagogia dos aumentos meramente nominais dos salários, do atendimento das pressões corporativistas, da ingenuidade absoluta no trato de questões como a dívida externa".
FHC afirmou que, antes de lançar sua candidatura, o PSDB procurou o PT com o objetivo de estabelecer alianças. Mas o PT, segundo ele, "mostrou reiteradamente que reservava ao PSDB uma posição subalterna, com certo ar auto-suficiente de quem está bafejado momentaneamente pelas pesquisas eleitorais".
Lembrou que, no segundo turno da sucessão presidencial de 1989, o PSDB optou "claramente pelo apoio ao candidato do PT". Disse que seu partido teve um "papel decisivo" no processo de impeachment de Fernando Collor.
Antes do impeachment, no entanto, o PSDB tenou fazer parte do governo Collor. FHC era um dos tucanos que defendiam a adesão ao ex-presidente.
Cópia do discurso de FHC foi distribuída aos jornalistas antes do pronunciamento do candidato. O documento, impresso em papel com o timbre do partido, recebeu o nome de "carta aos convencionais, parlamentares e filiados do PSDB".

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