São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994
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Inflação aumentou 16 pontos com FHC

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando Fernando Henrique Cardoso assumiu o Ministério da Fazenda, em maio de 93, a inflação do mês foi de 29,7%, segundo o IGP-M, calculado pela Fundação Getúlio Vargas.
Dez meses depois, em março passado, o IGP-M foi de 45,71%. Um salto de 16,01 pontos percentuais durante a passagem de FHC no comando da economia.
Nos seus dez meses de exposição diária na mídia, FHC fez, basicamente, duas coisas marcantes: 1) criou um indexador de preços, a URV; e 2) instituiu um fundo de emergência para tapar os buracos do Orçamento da União.
Foi um dos ministros da Fazenda mais poupados pela sociedade brasileira. Enquanto a inflação disparava, os empresários seguiam dando apoio.
Teve plenos poderes dentro do governo. Em outras épocas, um dos martírios para o ocupante da Fazenda era convencer o presidente sobre qual deveria ser o nome de um plano econômico.
Para Fernando Henrique, foi mais fácil. Durante os meses em que esteve ministro, Itamar Franco sequer ousou sugerir outra denominação que não fosse Plano FHC para o conjunto de medidas provisórias que criaram o real.
Só agora, que o ministro se tornou candidato, o nome do plano passou a ser Real.
Senado
Fernando Henrique entrou na política há 20 anos. Começou a colaborar com o MDB (partido que deu origem ao PMDB) em 73. É parlamentar há 11 anos. Sempre como senador.
Apresentou 103 projetos de lei nesses 11 anos. Conseguiu a aprovação de 24. Uma média de 2,18 leis por ano.
Com requerimentos feitos à mesa diretora teve mais sorte. Fez 47 durante seus 11 anos de Senado. Desses 37 foram aprovados –sendo 22 deles pedidos para se ausentar dos trabalhos, para viajar ao exterior ou tratamento de saúde.
Uma de suas leis arquivadas era sobre licitação de obras públicas. Continha uma exigência draconiana para as empreiteiras pequenas: determinava que a empresa já tivesse executado uma obra de tamanho eqivalente a 70% da que estaria sendo licitada.
O projeto de FHC aceitava que o tamanho de várias obras somadas pudesse ser considerado para uma empresa atingir os 70% da licitação empreitada. Ainda assim, esse tipo de exigência alijaria qualquer empresa iniciante.
Em 91, FHC voltou a apresentar um projeto de lei rejeitado em 87: instituía o ensino de espanhol obrigatório no primeiro grau. O projeto aguarda parecer da Comissão de Educação. "Eu acho importante, por causa do Mercosul", diz.
Outros projetos de FHC incluem a regulamentação da profissão de técnico de acupuntura; a padronização de bebidas dietéticas e a classificação do envenenamento de água potável como crime hediondo.
Durante toda sua carreira em Brasília, solicitou a transcrição nos anais do Senado de dois artigos que apreciou ao ler na imprensa. Um deles é de autoria de Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo. O outro é um editorial do jornal "O Estado de S.Paulo".

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