São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994
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Qualidade de vida atrai novos moradores

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BERTIOGA

A Riviera de São Lourenço, bairro planejado do município litorâneo de Bertioga, entre a rodovia Rio-Santos e o mar, começa a ser ocupada por paulistanos em fuga dos problemas da cidade grande.
Ingredientes como segurança, praia e meio ambiente preservado, aliados à infra-estrutura (escola, shopping center, posto médico e consultório dentário), têm atraído pessoas que acabam fixando residência no local.
É o caso da comerciante Marisa Mendonça, 38. Há sete anos, ela deixou o bairro do Ipiranga (zona sul de São Paulo) e se mudou com os dois filhos para a Riviera.
"Não aguentei a loucura de São Paulo", afirma. Hoje, ela mora e trabalha dentro da Riviera, onde é sócia de uma empresa de aluguel de casas e apartamentos.
Medo da violência
O funcionário público federal Expedito de Cleor Honório, 37, mora na Riviera há um ano e meio. No começo, segundo ele, a idéia era comprar um imóvel como um investimento e para passar os finais de semana.
Honório trabalha em São Paulo. Morava no bairro Casa Verde (zona norte) em casa com piscina.
"A cidade grande representa tumulto, violência, insegurança, poluição. Na Riviera é tudo diferente", declara.
Pai de dois filhos, uma menina de 7 anos e um menino de 10, Honório levou a família para a Riviera, mas continua trabalhando em São Paulo.
"Em São Paulo eu sou mais um. Na Riviera, todo mundo participa dos problemas, resolvendo sempre de forma democrática", diz.
Ele conta que um dia seu filho sofreu um desmaio. "Em cinco minutos, a ambulância da sociedade estava na minha porta", afirma.
Morando há quatro meses na Riviera, Maria (não quis revelar o nome completo) diz ter "fugido" de São Paulo devido à violência.
Em agosto do ano passado, a casa onde morava, no bairro do Jabaquara (zona sul), foi invadida por assaltantes. A casa ficava próxima à 37ª Delegacia de Polícia.
Em dezembro, ela, o marido (comerciante) e os cinco filhos decidiram morar em Bertioga. Maria conta que a adaptação tem sido difícil para a família.
Ainda sentindo os reflexos do assalto, ela reclama da segurança. "Preferiria que a Riviera fosse um local mais fechado. Aqui entra qualquer um", diz.
Ela conta que o marido não se adaptou em ter a família morando longe. "É muito cansativo para ele, que sobe e desce todo dia. Mas para as crianças, isso aqui é um paraíso", disse.
"Para os meus filhos, morar aqui é um eterno fim-de-semana", compara o funcionário público Expedito de Cleor Honório.
Escola
Há três anos, funciona na Riviera a Escola Metodista, núcleo avançado do Instituto Metodista, de São Bernardo do Campo.
"A escola foi fundamental para permitir a fixação desses moradores", avalia a diretora Carla Ribeiro Mendes, 42.
A escola oferece aulas do berçário à quinta série do primeiro grau. Possui 150 alunos, dos quais 52 são moradores da Riviera.
Para a canadense Zeltite Dzintra, 32, professora e mãe de cinco filhos, a Riviera impediu que ela deixasse o Brasil.
"Meu marido é arquiteto e trabalha aqui também. Vivemos sem preocupações com segurança. Deixo o carro aberto e meus filhos brincam na rua. Temos uma praia limpa a poucos metros de casa", afirma.

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