São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994
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Robô 'trata' vítimas de derrame

ALVARO PEREIRA JUNIOR
ENVIADO ESPECIAL A BOSTON

Robô `trata' vítimas de derrame
Engenheiro brasileiro desenvolve nos EUA equipamento que pode acelerar a reabilitação através da fisioterapia
As vítimas de derrame cerebral ganham uma nova esperança de recuperar os movimentos dos braços. Um robô desenvolvido por um engenheiro brasileiro nos EUA é a mais nova arma para aumentar a eficiência da fisioterapia nesses pacientes.
Com o robô, chamado Manus (latim para "mão"), será possível substituir o "feeling" e o empirismo do fisioterapeuta humano pela precisão e a capacidade perfeita de repetição da máquina.
O robô Manus é um braço mecânico que tem movimentos comandados por um computador pessoal simples.
Os primeiros testes clínicos, ainda com um modelo experimental, começam em julho no Centro Burke de Reabilitação, em White Plains (Estado de Nova York, EUA). O robô foi desenvolvido pelo engenheiro brasileiro Hermano Krebs no Laboratório de Biomecânica e Reabilitação Humana do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge, nordeste dos EUA.
O pesquisador do conceituado MIT evita afirmar que seu aparelho vá substituir o fisioteraputa como hoje o conhecemos.
"Prefiro dizer que o robô vai aumentar a eficiência da fisioterapia." Segundo Krebs, 35, "há falta de fisioteraputas nos EUA".
O braço do doente se encaixa na ponta do braço mecânico do Manus. Dependendo do estágio de recuperação, o robô pode funcionar de duas maneiras.
A primeira é para pacientes que mal mexem os braços. Nesses casos, o robô guia totalmente o braço da pessoa, seguindo instruções armazenadas no computador pelo fisioterapeuta.
A segunda se aplica a doentes que já começam a ter movimentos. Aí, o robô funciona simplesmente opondo resistência quando a pessoa tenta forçá-lo para limites além dos estipulados pelo fisioterapeuta.
O robô "endurece" e o doente percebe que não é esse o tipo de movimento que o terapeuta prescreveu.
Para motivar os pacientes, em um tratamento repetitivo e muitas vezes enfadonho, os pesquisadores já desenharam um robô acoplado a uma tela de videogame.
Um dos pontos mais críticos da máquina é o funcionamento de sensores, que a desligam automaticamente em caso de acidente. O encaixe do braço humano ao robô é ao mesmo tempo firme e fácil de soltar, para emergências em que a pessoa precise se desconectar da máquina com rapidez.
Hermano Krebs estima que ainda demore "de dois a três anos" para que seu robô mostre viabilidade prática. Ele acha que, se tudo der certo, passarão "de cinco a dez anos" até que o equipamento chegue aos melhores hospitais brasileiros.

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