São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
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Mônaco se transforma na "corrida do Ayrton"

CLÓVIS ROSSI; ANDRÉ LAHOZ

Dos enviados especiais a Mônaco
Do morro pomposamente batizado de "setor Rocher", que serve de tribuna para o GP de Mônaco, pende uma bandeira amarela. Em spray verde, ela anuncia: "Senna forever" ("Senna para sempre").
Da sacada de um apartamento na avenue des Beaux Arts, da qual também se vê perfeitamente a pista, pende um improvisado cartaz: "Senna rules forever" ("Senna manda para sempre").
Pieguice? Palavras vazias? Talvez. Mas não para o grupo de quatro moças e um rapaz que compõem a delegação do "Fã-clube Suíço de Ayrton Senna".
Camiseta amarela com o nome do clube às costas, eles prometem: "Para nós, será sempre seu GP. Aqui, há qualquer coisa de sagrado", diz Sylvia Havoy, que criou o clube no dia 12 de maio de 91, data que tem na ponta da língua.
Sylvia conheceu Senna em Mônaco e, ao voltar para sua casa de Yvorne, em frente a Genebra, do outro lado do lago Leman, pôs anúncios nos jornais, pedindo que com ela se comunicassem outros fãs de Senna.
"Vieram cartas de todos os pontos da Suíça, mas também da França, da Itália, de Portugal, até uma da Áustria", relembra.
Formado o clube, um grupo de seus representantes passou a vir a cada ano a Mônaco, onde tinham encontro marcado com Senna em sua casa no Principado. O álbum de fotos que os jovens suíços carregam consigo é a prova documental desses encontros.
Voltaram este ano, mesmo sem Senna. Trouxeram uma carta que entregaram de mão em mão aos pilotos, aos responsáveis pelas escuderias e outros envolvidos no circo da F-1. "O público não quer um esporte-espetáculo, mas simplesmente um esporte", diz a carta, referindo-se aos riscos da F-1.
Riscos que a morte de Senna tornou mais visíveis. E expressos simbolicamente na bandeirinha do Brasil pintada no que deveria ser o primeiro lugar do grid, ontem. Um pouco atrás, as cores da Áustria, homenagem a Roland Ratzenberger, a outra vítima de Imola.
"Senna forever?" Talvez. Ontem, o "forever" durou 90 segundos, o tempo de exibição do vídeo com cenas do tricampeão em um telão sobre a pista. E no minuto de silêncio durante o qual pilotos e ex-pilotos, como Niki Lauda, se perfilaram junto aos boxes.
Christian Fittipaldi e Rubens Barrichello seguravam uma bandeira do Brasil, em que o círculo central era ocupado pela foto de Senna. A legenda sob a foto não era propriamente um "forever".
Dizia: "Adeus Ayrton Senna".
A mesma frase, igualmente em português, aparecia na camiseta que se vendia em Mônaco. Preço: 70 francos ou US$ 12.
(CR e ALh)

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