São Paulo, sábado, 21 de maio de 1994
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Pesquisa diz que 26% das marcas de cachaça do país tem alto teor de cobre

LÚCIA CAMARGO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma pesquisa feita por químicos da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos concluiu que 26% das marcas de cachaça produzidas no Brasil têm teor de cobre maior que os 5 mg/l (miligramas por litro) permitidos por lei.
O excesso de cobre no organismo pode causar males que vão de lesões pulmonares à morte.
Uma intoxicação aguda por cobre, que pode ocorrer se a quantidade do produto superar 145 microgramas por litro no sangue, causa vômitos de coloração verde, queda de pressão, lesão do fígado e leva a pessoa ao estado de coma. A dose letal é 960 ml/kg no corpo.
"Antes de atingir essa quantidade, a pessoa morre de cirrose. É improvável alguém acumular tal dose do metal no organismo através da ingestão de cachaça", afirma o químico Douglas Wagner Franco, que liderou o estudo.
A intoxicação crônica, que acontece se a bebida for ingerida durante muito tempo –meses ou anos, conforme a pessoa e a quantidade tomada– provoca febre, catarata, lesão pulmonar e, em certos casos, morte.
A contaminação ocorre na destilação, que consiste em ferver o caldo de cana até virar vapor, depois condensá-lo e obter a bebida.
O alambique de cobre solta durante a fervura partículas que formam o azinhavre ("ferrugem" verde do cobre), que é absorvido pelos vapores alcoólicos ácidos, contaminando o destilado.
Foram analisadas 74 marcas de cachaça, amostra das cerca de 600 existentes no país. Segundo Franco, um acordo com a indústria que financiou a pesquisa, a Muller Bebidas Ltda (produtora da Caninha 51), não permite a divulgação das marcas próprias e impróprias para o consumo.

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